Por bferreira

Rio - As metas de desenvolvimento socioeconômico do país dependem do trabalho dos engenheiros, tendo em vista que projetos e obras de infraestrutura, assim como o sistema produtivo, demandam essencialmente tais profissionais. No entanto, essa mão de obra ainda carece de reconhecimento e valorização.

Entre as décadas de 1980 e 2000, na época em que várias empresas brasileiras desmontaram suas estruturas — devido à estagnação econômica e à privatização —, as vagas escassearam. Diante desse cenário, muitos engenheiros migraram para outros setores, principalmente o financeiro, já que possuíam conhecimento aprofundado em cálculos. Finalmente, quando o Brasil viveu a retomada do desenvolvimento, com investimentos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as empresas voltando a prosperar, ficou evidente a necessidade de profissionais qualificados para um mercado em expansão.

Neste cenário, a suposta falta de engenheiros tem motivado debates. No 1º Fórum Nacional de Infraestrutura, o senador Fernando Collor (PTB-AL) propôs a implantação do ‘Mais engenheiros’, sob a prerrogativa de que a importação de mão de obra estrangeira resolveria o déficit. Como repercussão, a Comissão de Infraestrutura do Senado convidou a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que representa 500 mil profissionais em todo o país, a participar de audiência, dia 21 de maio, para discutir a carência de engenheiros qualificados para obras de infraestrutura.

Conforme a FNE vem alertando o governo e a sociedade desde 2006 — quando lançou o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” —, não se trata de enfrentar escassez existente hoje, mas da necessidade estratégica de formar mais profissionais diante da perspectiva de retomada da expansão econômica. Felizmente, já se avançou nesse campo e saltou-se da estimativa de 30 mil graduados há oito anos para os resultados apurados pelo Censo da Educação Superior do Inep, que registrou cerca de 54,2 mil concluintes em 2012.

Ou seja, o grande desafio atual é valorizar os engenheiros que estão disponíveis para atender às necessidades do país. Entre essas, está a de implementar efetivamente a engenharia pública, garantindo assistência à população de baixa renda. Para garantir a presença desses profissionais no setor público, é necessário realizar concursos e instituir planos de carreira com remuneração justa — com referência no piso da categoria, definido em lei em R$ 6.516 para oito horas. Somente desta maneira o Brasil terá uma engenharia forte e qualificada.

Murilo Celso de Campos Pinheiro é presidente da Federação Nacional dos Engenheiros

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