Por bferreira

Rio - Quando Dilma promoveu o leilão de Libra, os militantes da campanha do petróleo acusaram-na de praticar “estelionato eleitoral”. A acusação procedia. Na campanha de 2010, Dilma chegou a afirmar que “o pré-sal é nosso passaporte para o futuro” e que “leiloar áreas do pré-sal seria um crime”.

Atualmente, circulam rumores de que Dilma teria realizado o leilão de Libra para atrair petroleiras ligadas às grandes potências, “com o objetivo de proteger o pré-sal”. Pois é de conhecimento público a crítica, principalmente dos EUA, de que o pré-sal estaria localizado em águas internacionais, colocando em dúvida a propriedade brasileira dessa imensa reserva.

Não sabemos se os rumores têm fundamento ou se os fins da argumentação são apenas eleitorais. O fato é que a China arrematou 20% do campo de Libra, e qualquer país que se aventurasse sobre aquelas águas, além de enfrentar a resistência do Brasil, também teria que encarar a China.

A grande polêmica do momento é repasse à Petrobras de quatro áreas do pré-sal sem licitação pela presidenta Dilma, com reservas estimadas em 15 bilhões de barris. A decisão está acordo com o previsto na Lei 12.351/10, que regulamenta a exploração dos campos localizados no pré-sal.

Nós, da campanha do petróleo, gostaríamos que Dilma repassasse todo o pré-sal para a Petrobras. Aliás, foi a Petrobras, com dinheiro dos brasileiros, que desenvolveu a tecnologia inédita no mundo, capaz de propiciar a descoberta das reservas do pré-sal, feito realizado pela empresa. De fato e de direito o pré-sal é nosso, dos brasileiros.

Essa atitude do governo deixou os partidos de esquerda e direita perplexos, em plena véspera de eleição. A esquerda diz que Dilma está praticando “estelionato eleitoral”. Mas a política não existe, principalmente, para melhorar a vida das pessoas? Com essa decisão acertada, o governo mais do que dobra as reservas de petróleo e gás da empresa.

Trocando em miúdos, o Brasil agora terá mais recursos para financiar políticas públicas de qualidade, sobretudo em Saúde e Educação. Continuamos com a posição de independência em relação aos patrões, governos e partidos. Mas é preciso reconhecer: desta vez, o governo acertou. A César o que é de César, a Dilma o que é de Dilma!

Emanuel Cancella é secretário-geral do Sindipetro-RJ e da Federação Nacional dos Petroleiros

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