Por bferreira

Rio - O mundo está voltado para o Brasil, todos desejam o título mais uma vez. Tanto nós quanto as outras seleções; afinal, é competição, o clima de tensão reina. O assunto futebol está nas bocas de torcedores eventuais e dos de carteirinha. Respira-se a Seleção, só se pensa em futebol. As opiniões parecem de especialistas, todos os somos, cada um com seu olhar, com suas preferências.

As reclamações sobre os transtornos no país eclodem em diversos segmentos. Afinal, as contas precisam ser pagas, e quem constrói salário ao longo do mês sofre. A presidenta Dilma isentou a Fifa do pagamento de impostos referentes à Copa, situação complicada, recheada de controvérsias — onde há fumaça há fogo? Pode ser. A prefeitura decreta feriado, mas não abona ninguém do pagamento dos impostos referentes aos dias parados. Vale a velha máxima popular: “Pouca farinha, meu pirão primeiro!”

Marca esta Copa do Mundo a perda do ‘big pai’ da nação. Em Brasília, lá se foi nosso presidente do Supremo em direção à aposentadoria. Vai assistir aos próximos jogos tranquilo, sem o peso da capa preta que doía nos seus ombros e machucava sua coluna. Sai contrariado pelas decisões dos parceiros contrários a ele e ao país. Triste! A justiça se aposentou? Parece que sim. Fez o que pode, era luta inglória em meio à corrupção. Não se ganha sozinho uma partida dessas, o time era pequeno, e os adversários, fortes. Perdemos na instância máxima? Vencerá o caos? Respondam vocês.

O que se percebe nesse clima de vitória é a euforia nociva no país verde e amarelo. A alegria solta, que começou bem antes do início oficial da Copa do Mundo, detonou a economia, transformando o Rio na cidade ‘surreal’: restaurantes, hotéis, supermercados, tudo nas alturas. O país vive maníaco, fora da realidade. Precisamos de depressão, a boa depressão, a que cura a nós e devolve a realidade do caos que vivemos. Viver em mania é insustentável! Com vitória ou derrota, teremos que aterrissar na inviabilidade em que colocaram nosso cotidiano. Precisamos perder, deprimir; caso contrário, explodiremos em crise inflacionária insustentável no domínio do capital e do emocional.

Tenho medo dessa vitória, todos devemos temer. A vitória no jogo não significa o mesmo na vida cotidiana, o jogo é um instante, a vida não! Tudo tem consequência. Essa significa entrarmos numa trajetória de euforia louca e perigosa. Vejamos: essa semana é morta em faturamento para alguns segmentos, aprendi com minha professora Claudia Abbês, em ‘Capitalismo e Produção de Subjetividade’, que a serpente capital não pode parar, precisa se esgotar. Portanto, deprimir. Vejamos o quanto nós vamos suportar e pagar por tudo isso!

Ainda mais agora que o nosso craque da vez sofreu uma fratura no último jogo e, com isso, está fora de combate. Foi vítima da inveja. A estratégia que se viu na Copa foi destruir Neymar. “O monstro de olhos verdes”, de quem Shakespeare falou em ‘Otelo’, venceu. Perdemos nosso ídolo louro, abrimos espaço para outros talentos! Fazer o quê? É a vida! Isso já deu uma enfraquecida e pode até virar motivo de uma derrota já anunciada. O que se viu é uma estratégia de jogo violenta, agressiva, imoral. Ficou claro que nós, brasileiros, somos muito mais elegantes em campo. Que bonito é ver a rede balançando, a galera delirando... Canal 100!

Fernando Scarpa é psicanalista

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