Por bferreira

Rio - No Grande Rio, a Baixada e as zonas Norte e Oeste — com exceção da Barra — serão territórios onde os candidatos ao governo do estado disputarão voto a voto para chegar ao segundo turno.

Na Baixada concentram-se 2,7 milhões de eleitores, na sua maioria inseridos nos segmentos de baixa renda e de escolaridade, ancorados por indicadores socioeconômicos comparáveis aos dos grotões do Nordeste. O IDH chega a 0,7, e a expectativa de vida não ultrapassa 70 anos. Os baixos indicadores da Educação, como Ideb e Pisa, são outros parâmetros que fotografam o nível de ensino público oferecido pelos prefeitos da região.

Em Duque de Caxias, onde se concentra o maior número de nordestinos, o Ideb está entre os piores do Brasil. A cidade é a 1.574ª no ranking dos municípios do país, e 56% da renda está concentrada na mão dos 20% dos mais ricos. São João de Meriti e Japeri completam o quadro da ausência de políticas públicas dos governos passados, apesar do número crescente de empresas que se instaram na região durante o governo de Cabral, em decorrência dos investimentos em infraestrutura urbana.

Diante de números que mostram a realidade deste tecido social da Baixada, as candidaturas de cunho popular e religioso encontram terreno fértil para seduzir o eleitorado. Garotinho centra suas baterias de campanha na região, e o bispo Crivella faz do território base para manter os fiéis da Universal como âncora que sustenta seu índice de intenções de voto em 16% — mesmo assim, sem perspectivas de chegar ao segundo turno, por não ter pauta de governo consistente que possa contrapor discursos aos adversários que se situam no espectro político de centro-esquerda.

Garotinho navega com inegável capacidade de mobilização popular em eventos utilizando suas redes da ‘Palavra da Paz’ e seu “exército de reserva” eleitoral de 19% das intenções. Comunicador voraz, especializado em aniquilar adversários com discurso em linha de narrativa lógico-populista, anestesia as mentes dos eleitores, mas se fragiliza e abre flancos para adversários ao apresentar o seu programa de governo na área de transportes, sem propostas reais que faça contraponto às efetivas realizações do governo.

Na área de transporte, Garotinho deve enfrentar fogo cerrado. O governo do estado acabou de inaugurar o Arco Metropolitano, interligando a Baixada. Completando o cerco, Eduardo Paes (PMDB) entregou o BRT Transoeste, unindo expressos das fronteiras da Zona Oeste e Baixada, enquanto os trens chineses chegam à região agregados ao Bilhete Único.

Cabe a Pezão e Eduardo Paes utilizar peças publicitárias com muitas imagens de Dilma entrando no subconsciente do eleitorado para blindar o poder de mobilização de campanha de rua de Garotinho e de Lindbergh. É nas fronteiras da Baixada e da Zona Oeste que a eleição será decidida. Volto ao tema na próxima semana.

Wilson Diniz é economista e analista político

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