Por bferreira

Rio - Terminada a Copa do Mundo no Brasil, saltaram aos olhos os níveis técnicos de algumas seleções, sobretudo a da Alemanha. Comentaristas falavam e repetiam à larga que os alemães investiram em categorias de base e usaram softwares para orientar os técnicos. Já se sabe de muito tempo que o vôlei e o basquete usam com mais frequência ainda esses mecanismos modernos, que dão aos estrategistas uma visão numérica dos resultados, permitindo visões espaciais em várias competições, o que facilita arrumar um time em campo e partir para a vitória.

No caso específico do jogo do Brasil contra a Alemanha, não se pode comparar pelo escore final o desnível tecnológico dos treinadores, sobretudo porque, se fosse um jogo de basquete, por exemplo, o técnico poderia ‘pedir tempo’ e reorganizar os jogadores. No futebol não existe isso.

Mas, se a tecnologia alemã foi tão eficiente, por que outros países, como Itália, Inglaterra e Espanha, não conseguiram bons resultados? Se esta tecnologia foi tão forte, qual a razão de a Alemanha ter tido tanta dificuldade para vencer a Argélia?

Temos que considerar várias situações: a tecnologia sozinha corresponde à qualidade formal, e as pessoas em campo, à qualidade humana. Se as duas não se compõem, quase nada se consegue.

Para um time sem grandes estrelas, a tecnologia ajuda muito porque permite aproveitar ao máximo os valores individuais, permitindo um coletivo de melhor eficiência e eficácia. A tecnologia num time com condições restritas de habilidade individual e sem estrelas pouco funciona.

A grande lição é dupla: tanto quanto a educação, se não houver atualização das pessoas em relação à tecnologia disponível, pouco será conseguido. Portanto, nossos dirigentes precisam substituir os comportamentos de ‘jardim de infância’, com mãozinha no ombro do colega, por mais empenho, mais estudo das tecnologias e mais treinamento. Outra questão está ligada aos resultados. Uma pequena diferença pode significar uma grande diferença. Às vezes as tecnologias são as responsáveis por esta pequena diferença, como o resultado, na prorrogação, de 1 a 0 para a Alemanha contra a Argentina. Mas a grande diferença é que um dos times foi campeão.

Quem quiser entrar em campo em 2018, na Rússia, que faça as duas coisas: atualize-se em relação às tecnologias e encontre um plantel ajustado a elas. Um tipo de qualidade não resolverá. Tudo dará certo quando a qualidade formal e a humana estiverem juntas.

Hamilton Werneck é pedagogo e escritor

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