Por bferreira

Rio - A Copa do Mundo deixou para todos nós um legado inquestionável: arenas lotadas e com a pacífica convivência entre públicos de diferentes nacionalidades, culturas, crenças e, naturalmente, preferências em relação ao futebol. Quem não se encantou com gente de todos os continentes lado a lado nos 12 estádios pelo Brasil fazendo festa e produzindo bonitas histórias que se repetiram durante toda a competição? Nós devemos lutar para manter esta convivência harmoniosa entre os torcedores brasileiros de diferentes times o ano inteiro, em todos os jogos do calendário, atraindo também o público estrangeiro. Lembro que o cineasta norte-americano Spike Lee ficou encantado com a final da Copa do Brasil do ano passado no Maracanã lotado.

Evidentemente que devemos utilizar os poucos incidentes que ocorreram como aprendizado, pois operar um grande evento não é atividade trivial. Porém, a utilização da tecnologia de monitoramento e a rápida correção de logística da segurança, possibilitando a punição exemplar de maneira célere, impediram a repetição da maioria dos incidentes. Seguros, jovens, idosos, famílias inteiras e até crianças de colo foram às arenas para viver, muitos pela primeira vez, as emoções que só o esporte, especialmente o futebol pela sua imprevisibilidade, pode proporcionar. Devemos e podemos pegar carona nos números impressionantes que cercaram a competição. As arenas brasileiras receberam mais de 3,7 milhões de pessoas, sem falar na audiência astronômica das televisões em níveis nacional e internacional, incluindo quebra de recordes nos Estados Unidos.

Mostramos para o mundo todo que nós, brasileiros, somos capazes de organizar e receber megaeventos esportivos, aprimorando casos de sucesso que eram tidos como referência. O poder público e os operadores de arenas podem e devem atuar juntos na melhoria da experiência de quem frequenta estádios como o Maracanã, ainda mais nítido depois de uma segunda final de Copa do Mundo. Afinal, todo torcedor quer conforto, segurança, fim dos cambistas e organização nos jogos.

O sucesso da Copa poderá deixar outro legado. A reformulação do futebol brasileiro, que passa necessariamente pela volta do público aos estádios. A presença maciça de torcedores nos jogos reforça o vínculo com os clubes, motiva os patrocinadores a investir e possibilita um melhor espetáculo para a TV. Assim tem ocorrido nas Ligas Europeias, que continuam avançando, além de existirem novos mercados se estruturando: Estados Unidos e China.

O Brasil tem totais condições e precisa realizar rápida evolução no futebol, inclusive porque as Eliminatórias para a Copa 2018 prometem ser duríssimas, disputando com seleções sul-americanas que mostraram muita qualidade nesta Copa. Temos grandes clubes, a paixão pelo futebol e a ginga natural do jogador brasileiro. Soma-se a isso o trunfo das novas arenas, que inegavelmente oferecem conforto, segurança e serviços de qualidade.

Resta a todos que querem a evolução do futebol trabalhar forte para observar e aprimorar os modelos que estão dando certo no mundo. Franz Beckenbauer afirmou que a reformulação do futebol alemão se deve às arenas e o retorno do público às arquibancadas. Ou seja, depois de 2014, estamos com todas as condições para restabelecer o caminho das vitórias.

Denio Cidreira é diretor da Odebrecht Properties Entretenimento

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