Por que será que é tão difícil nos darmos a conhecer ao outro? Já parou para pensar que é porque o que somos é tudo o que realmente temos, e o outro pode não gostar e, então, nos afastar? Talvez o pano de fundo dessa questão seja o medo de perder. E essa seja a verdadeira razão para longos silêncios, tantas perguntas sem respostas, fechamentos, dissimulações, máscaras... Vencer a nós mesmos geralmente é o que há de mais difícil! Provavelmente é por isso que se diz por aí que “a vida é para os fortes”... Só que essa força não é física, mas, sim, de disposição interior. É preciso coragem para ser quem você é. Assim como é preciso abertura de coração para aceitar o outro como ele é.
Quando o Papa Francisco esteve no Rio ano passado, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, no seu encontro com a classe dirigente do Brasil, no Theatro Municipal, no dia 27 de julho, falou sobre a importância do diálogo para a “cultura do encontro”: “A única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer, a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos.”
Diante dessa bela afirmação do Santo Padre, pergunto: o que você tem de bom? Quem você é, de fato, não é o seu melhor? Suas verdades, dores, alegrias, sonhos, perspectivas são plenos da essência de quem é você! E quem está ao seu lado precisa ver e sentir isso! Porque você não é ordinário, comum. Não! Você é portador de uma dignidade única. Tem uma identidade: é filho de Deus, feito à sua imagem e semelhança!
Eu não sou fraco, não! Você não é fraco, não! No melhor de mim (e de você!) a ser doado ao outro também está Deus. E é de Deus que as pessoas precisam. ‘Bora’, então, abrir o coração e partir para o encontro com o outro, de uma forma nova? ‘Tamu junto’!
Padre Omar é o Reitor do Santuário do Cristo Redentor do Corcovado.