Por bferreira

Rio - A extradição sumária, pelo Paraguai, de Roger Abdelmassih — ex-médico condenado a uma eternidade por estupro de dezenas de pacientes — joga luz num dos pontos mais delicados e intrincados de qualquer diplomacia. Muito se questionou por que não se adota esse procedimento — captura, viagem, entrega, tudo isso em questão de horas — em todos os casos daqui para a frente.

O tema é complexo. Regras variam de país para país e mudam também de acordo com o perfil do preso, que pode ser considerado mais perigoso num lugar e inofensivo noutro. O humor das relações entre os governos ainda é capaz de influenciar as decisões. Exemplo dessa quase esquizofrenia diplomática é o caso de Cesare Battisti e Henrique Pizzolato. O primeiro, condenado na Itália por terrorismo, conseguiu asilo político no Brasil, o que angariou alguma antipatia. O segundo, réu no Mensalão, fugiu para aquele país, que julgará — dentro desse contexto de possível revanchismo — a repatriação em outubro.

O risco é quando se encosta nessa burocracia para protelar a busca pela justiça, como se cumprir um pedido de extradição fosse o mesmo que anistiar um criminoso, seja por preguiça ou conivência. O Brasil precisa alinhar sua diplomacia e repensar acordos de extradição para reafirmar a imagem de que criminoso algum terá fuga caso condenado. É um compromisso com a Justiça.

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