Por bferreira

Rio - É inaceitável que em pleno século 21, no Brasil, com tantos discursos preservacionistas e de sustentabilidade, os nossos mananciais continuem a ser tão maltratados. Para cumprir a função de abastecimento público, rios, lagos e represas precisam de cuidados especiais, garantidos nas chamadas leis estaduais. Mas não é o que acontece. Por isso, chega a ser o cúmulo do absurdo que o Rio Paraíba do Sul, que abastece 80% do Estado do Rio, e motivo de guerra da água com São Paulo, seja alvo de esgoto in natura, por falta de rede coletora e de tratamento, como mostrou O DIA na semana passada.

Pior ainda é a constatação de que o despejo das valas negras que escoam de condomínios localizados à sua margem, em Campos dos Goytacazes, aconteça há 25 anos. Na semana passada, por decisão da Justiça, a concessionária responsável, Águas do Paraíba, recebeu ultimato para realizar as obras necessárias de saneamento em 60 dias. Menos mal. E o que se espera é que a decisão seja cumprida, antes que esse fundamental recurso natural fluminense se transforme em esgoto a céu aberto.

É bom lembrar que as origens da seca histórica que aflige os paulistanos hoje, além da falta de chuvas, foram a poluição e o assoreamento que solaparam durante décadas os rios que compõem o Sistema Cantareira. Isso graças à expansão sem planejamento de cidades e indústrias e ligações clandestinas ameaçando fontes, sob vistas grossas do poder público.

A história agora de degradação não pode se repetir no velho Paraíba do Sul. Num momento em que aumentam os alertas aqui e no planeta de desabastecimento d’água, a gestão ambiental de rios e lagos requer prioridade número 1 de governos. Menos falácia e muito mais ação.

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