Por bferreira

Rio - A mobilidade urbana teve uma semana complicada no Rio, com grande protesto que paralisou o BRT Transoeste na terça-feira. Indignados com o desconforto e com a falta de ônibus, usuários bloquearam as vias, segregadas e comuns, asfixiando o sempre intenso trânsito da Zona Oeste. Passado o tumulto, a prefeitura se prontificou a ajustar a oferta de carros, mas ficou uma dúvida: a quantas anda o planejamento estratégico no transporte de massa?

O BRT é o que de melhor foi feito no segmento em anos, dentro das limitações — todo carioca ainda sonha com metrô pela cidade inteira, algo que infelizmente demorará a se tornar realidade. O jeito foi priorizar ônibus, e o sistema de pistas exclusivas, tanto na modalidade do BRS quanto na do BRT, de fato trouxe vantagens, como a redução do tempo de viagem em muitos trechos.

Mas a grita que motivou o ato de terça-feira é muito justa. Reclama-se demais das tais linhas alimentadoras, que em alguns bairros causaram uma revolução, ora extinguindo itinerários, ora obrigando o usuário a dar voltas semiolímpicas quando, no modo antigo, ia-se em linha reta. Esta já é falha grave.

O que agrava a situação é a comprovada falta de coletivos, como se vê nas estações, nas quais o povo é tratado igual a gado. Corre-se para pegar um assento, sofre-se para entrar, espreme-se até a alma, e nem todos conseguem lugar. A superlotação, somada ao vaivém dos novos trajetos, cria aberrações como o aumento do tempo de viagem, o que vai brutalmente de encontro à proposta.

Risível, porém, é a multa aplicada pela prefeitura ao consórcio que pôs ônibus de menos: R$ 1.300, ou menos de dois coletivos lotados. Há, portanto, que fazer ajustes certos com vistas aos detalhes. Gerir transporte público demanda complexidade e maleabilidade, mas jamais deve haver negligência. Um sistema pensado para melhorar a cidade não pode impor desconforto a ninguém.

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