Por bferreira

Rio - Muitas vezes se encontra na lei embasamento para justificar o inchaço da máquina pública e sua cornucópia de bondades. Embora legítimos, bônus, auxílios e adendos são frequentemente questionados sob o ponto de vista ético, sobretudo em tempos de economia vacilante e um horizonte incerto. Sempre que se sugere submeter essas benesses a ampla reforma, levanta-se a bandeira dos direitos adquiridos, e fica-se por isso mesmo. Alguns casos, porém, não têm respaldo algum, como a personal trainer contratada pelo Tribunal de Contas do Estado para prestar serviços de ginástica na casa do conselheiro Júlio Lambertson Rabello. Diante da denúncia, publicada ontem com exclusividade pelo DIA, o TCE exonerou a funcionária, que ganhava quase R$ 10 mil por mês e estava na folha do órgão havia quatro anos.

Conselheiros do TCE são bem remunerados e têm direito a um razoável corpo de assistentes, dada as complexas funções de escrutinar os contratos da administração. Não parece ser honesto puxar ferro à custa do Tribunal. Ainda que surjam explicações para a malhação bancada pelo contribuinte, o episódio evidencia uma total desconsideração para com o Erário — que infelizmente não é privilégio de Rabello. Outro exemplo recente foi o auxílio-educação para a Justiça fluminense: um direito, sim, mas facilmente contestável.

Não pode ser normal o Estado patrocinar boas-vidas. Deveria partir dele a iniciativa de enxugar-se, de reduzir-se, de funcionar de forma eficiente sem depender de um vazadouro de milhões.

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