Por bferreira

Rio - A segunda-feira será mais do que o início da semana. Será a abertura de um Brasil novo, embora muito dividido, que vai sair das urnas. A opção foi nitidamente ideológica, com base no que têm representado o pensamento e a ação das forças políticas envolvidas na disputa em que candidatos,na verdade, foram detalhes.

Pela primeira vez na história teremos definido uma opção por um regime. A proclamação da República foi um mero golpe militar, que o povo nem percebeu. E, pelo que consta, não o teria apoiado, diante do prestígio de que gozava o imperador. Também vivemos pela primeira vez um período sem o poder moderador, exercido no Império pelo imperador e na República pelos militares. Todos voltados para correções de rumo — que eram aspirações nacionais como em 30, 37, 45, 54, 55, 64 e 85 —, traumas e sequelas. Mas naturais a cada momento vivido.

Agora a decisão envolveu modelos muito nítidos. Os governos do PT, independentemente de seus aspectos positivos ou negativos, de erros e acertos, fez uma opção cada vez mais clara pelo modelo bolivariano criado pelo coronel Hugo Chávez, da Venezuela, mantido por seu sucessor e apoiado com entusiasmo por Cuba e Argentina. O Brasil não apenas se identificou no campo político, incluindo uma posição infeliz e desnecessária na questão do Oriente Médio, discordâncias desnecessárias com os EUA e nossos mais tradicionais aliados na Europa, como no campo interno passou da tolerância a um apoio efetivo a movimentos revolucionários como o MST.

O alinhamento com os bolivarianos tem sido regado generosamente com recursos brasileiros. Na Venezuela, passam de dois bilhões de dólares os débitos vencidos com empresas nacionais, incluindo um imenso déficit da Gol, que não consegue liberar as divisas da venda de passagens no país. A Argentina apresenta o mesmo quadro, e o Banco do Brasil estaria apresentando crescente montante de financiamentos de alto risco. A Bolívia teria aumentado significativamente os preços do gás que nos fornece através de contratos de longo prazo, com a omissão brasileira, na mesma linha do confisco de instalações da Petrobras.

As forças unidas de oposição, em torno do senador Aécio Neves, reúne o pensamento liberal, tanto em política como em economia, a defesa da liberdade de imprensa e um programa de governo de viés pragmático e não ideológico. A depender do ex-governador mineiro, caso eleito, a união dos brasileiros para vencer a grave crise na economia será prioridade. Aécio tem o perfil da moderação, do bom senso e do compromisso com o crescimento econômico. Realizou uma obra significativa em seus dois mandatos. É um político moderno, que busca resultados sem preocupações de caráter ideológico.

A campanha eleitoral foi dura, a divisão dos brasileiros está patente, o que pode ser fatal para uma sociedade que enfrenta dificuldades e desigualdades e que só pode evoluir com a solidariedade e a união de todos, pela vida do crescimento econômico.

A primeira palavra do eleito deve ser de união e reconciliação nacional.

Aristóteles Drummond é jornalista

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