Por bferreira

Rio - É consenso nacional que haja investigação rigorosa às denúncias de fraudes na maior estatal brasileira e uma das mais imponentes petrolíferas do mundo, a Petrobras. O Tribunal de Contas da União apura desvios de mais de R$ 3 bilhões. A Polícia Federal já prendeu dezenas de suspeitos e a população, perplexa, exige respostas. Tanto oposição quanto situação também concordam que as apurações identifiquem todos os responsáveis e que esses sejam punidos, doa a quem doer, como prometeu a presidenta Dilma Rousseff. Mas parece que parte de parlamentares em Brasília não quer investigar a petroleira.

Reunidos na CPI da estatal na última quarta-feira para a convocação de supostos envolvidos em esquema de desvio de dinheiro de contratos, menos nobres deputados proporcionaram mais um espetáculo circense na Casa, que terminou em bate-boca e baixaria, e nenhum avanço prático no caso foi dado. A confusão no plenário em nada contribui para a elucidação do caso. Ao contrário. Só serve para desgastar ainda mais a imagem da classe política brasileira, já tão solapada pela opinião pública, ressabiada por escândalos de mensalões e agora por acusações envolvendo parlamentares no propinoduto da estatal.

Cerca de 60 políticos teriam recebido dinheiro do esquema. A denúncia é muito grave e o Congresso tem a obrigação de apurá-la a fundo e apontar os supostos beneficiários. Mas, a julgar pelo corporativismo demonstrado por alguns deputados na última sessão, o caso corre sério risco de se transformar em mais uma salgada pizza.

Espera-se que prevaleça a vontade da ala de parlamentares cônscios de seus deveres e que o Legislativo retome a CPI da estatal com a seriedade que a sociedade e seu próprio papel constitucional exigem.

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