Rio - A sustentabilidade está na moda. Porém, nem sempre o que está na moda é sustentável. Há uma série de fatores que definem um produto ser ou não sustentável, entre eles o estudo de seu ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima, passando pela análise do consumo de água e energia na produção, até seu destino final, além dos benefícios que proporcionam à população, social e econômico, e os impactos ambientais. Sem conhecer esses fatores, é difícil julgar o que consumir e se a escolha entre um ou outro produto é acertada. Mas há quem julgue. E pior, há quem julgue e contamine a população com os chamados “modismos”, sem nenhum embasamento técnico ou científico.
O tema do momento é a sacola plástica, onde seu uso volta a ser discutido. Mas pensando em sustentabilidade, quem se beneficia sem as sacolas plásticas? Não é a população, certamente. Em primeiro lugar, pela preferência: pesquisa do Instituto Datafolha diz que 84% dos consumidores apontam as sacolas plásticas como meio mais frequente para carregar as compras.
Em segundo lugar, pelo custo. Estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) mostra que, se as sacolas fossem banidas, o custo mensal com embalagens para transporte das compras e descarte de lixo aumentaria 146,1% para cada família.
Seria então o meio ambiente? Não. O governo britânico estudou o impacto ambiental de diversos tipos de sacolas e mostrou que a sacolinha de plástico tem melhor desempenho ambiental em 8 das 9 categorias avaliadas.
Conclusão: quem perde com a não distribuição gratuita das sacolinhas é o consumidor e o meio ambiente. Quem ganha são os supermercados e seus defensores diretos e indiretos. Os fashionistas que me desculpem. Sustentabilidade não se desenvolve com modismos ou com o banimento de qualquer produto, pois radicalismos e medidas unilaterais sempre apresentam a conta no futuro. Sustentabilidade se faz com informação correta e ações consistentes de responsabilidade.
Alfredo Schmitt é diretor da Abief