Por felipe.martins

Rio - O filósofo e pensador político alemão Karl Marx (1818-1883), na obra ‘O Manifesto Comunista’, em 1848, criou o símbolo da luta de classes do proletariado com o slogan ‘Trabalhadores do mundo, uni-vos!’ No Brasil as correntes antagônicas, de esquerda contra direita nas eleições presidenciais de 2014, o conteúdo dos debates entre os candidatos ainda foi marcado por ranços políticos históricos após ter passado 160 anos da publicação do tratado de Marx. Levy Felix (PRTB) e Luciana Genro (Psol) se protagonizaram como extremos no espectro de discursos e propostas radicais inviáveis para o Brasil de hoje.

No Rio, o Bispo Crivella e Garotinho travaram disputa acirrada como representantes da corrente do populismo-religioso demagógico. O bispo centrou suas metas de governo na ideia ‘burlesca’ do ‘cimento social’ financiado por recursos próprios e Garotinho foi mais além: prometeu isenção de impostos para empresas se instalarem nos morros da cidade e a liberação das vans como transporte de massa, contrariando a lógica de sistemas integrados de mobilidade urbana como metrô, barcas, BRTS e Transcarioca com Bilhete Único.

O mapa eleitoral da cidade fotografa um Rio dividido entre periferias urbanas e áreas nobres da geografia da vocação do voto. Os eleitores menos favorecidos com baixo indicador de escolaridade, de renda e do segmento evangélico foram seduzidos pelos discursos de fundo religioso de direita. Nestes redutos, Dilma ganhou de Aécio em 62 zonas eleitorais, num arco vitorioso que vai da Centra do Brasil, passando por todos os bairros-fonteiras com a Baixada, até Santa Cruz, aonde a Igreja Católica perde fiéis.

Da Ilha de Paquetá, traçando linha horizontal até Santa Cruz, o Rio é vermelho de baixos indicadores sociais e de desenvolvimento. O Rio azul dos ricos — da classe média — vai da Tijuca, mapeando a Urca, Leme, Copacabana passando por toda Zona Sul até a fronteira da Zona Oeste. Neste corredor da orla, Aécio ganhou em 35 zonas, chegando a ter 70% dos votos válidos na Barra da Tijuca, carregando a votação do governador Pezão. Apenas a Rocinha e o Vidigal, na Zona Sul, são ilhas vermelhas dos menos favorecidos que votaram na presidenta.

O zoneamento da vocação do voto acende o sinal amarelo social da divisão da cidade entre pobres e ricos para o governador Pezão e para Eduardo Paes. O Rio é partido ao meio. Cabe ao governador e ao prefeito abraçar os pobres do outro lado da cidade. Uni-vos! Que tal mudar os endereços dos Palácios para Zona Oeste e Baixada? Volto ao tema...

Wilson Diniz é economista e analista político

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