Por bferreira
Rio - Final de ano chegando e muitas festas no calendário. No Rio, é de praxe os estudantes concluintes do Ensino Médio festejarem a conquista. Celebração merecida, sem dúvida alguma. Trata-se de uma preparação que começa, às vezes, dois anos antes, com pagamento mensal para diluir a despesa. Para quem não sabe, há várias empresas especializadas no segmento, atendendo a todos os gostos, públicos e bolsos. Recentemente, tive a chance de participar – meio que por acaso – de uma reunião dessas empresas com os estudantes e os pais deles. Tudo bem bacana. Exceto por uma questão: a bebida alcoólica.
Pelo que entendi, as festas de formatura dos estudantes do Ensino Médio, geralmente realizadas em boates ou casas de festas, cujos pais não participam, têm bebida alcoólica liberada e, na maioria das vezes, com o consentimento da maioria dos responsáveis. Fiquei surpreso. Como assim? Bebidas alcoólicas — liberadas e à vontade — para adolescentes menores de idade?
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Pois é. É isso mesmo. Esta é a realidade. No encontro, uma mãe ainda frisou que os filhos bebem mesmo. E que diante deste fato “seria mais natural liberar a bebida” do que os jovens levarem escondido. Reiterando o discurso da mãe, um dos organizadores da empresa de festa avisou, com o objetivo de ‘confortar’ os pais indecisos, que, diante de qualquer imprevisto, haveria ambulâncias de prontidão para atender os estudantes. É ou não é um absurdo? Um total contrassenso.
Mesmo não tendo nada a ver com a festa, resolvi expor minha opinião. Disse que era contra e não entendia o porquê de tal postura dos pais. Que os jovens bebam em suas casas e em outros locais, com a supervisão de responsáveis, sem problemas. Mas liberar as bebidas em uma festa de formatura? É óbvio que excessos poderão ser cometidos. Por que não evitá-los? Para não ‘estragar’ a festa dos filhos? Acho que minha fala não promoveu reflexão alguma. Só serviu para irritar os estudantes e a empresa. Todos devem achar tudo normal.
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Ampliando a discussão, penso então que a nota divulgada esta semana pela diretoria da Faculdade de Medicina da USP, em que anuncia a suspensão de todas as festas de alunos dentro do campus e a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas dependências da faculdade, em virtude dos relatos de abuso e violência, deve ser, na opinião dos responsáveis, estudantes e empresas de festas, repudiada. É... deve fazer sentido.
Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Midiaeducação
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