Por bferreira
Rio - A violência faz parte da história dos moradores do primeiro conjunto habitacional da América Latina, a Vila Aliança, criada no Programa Aliança para o Progresso, do governo Kennedy, para barrar o comunismo na América Latina. Na época, o governo Lacerda utilizou a verba para remover favelas da ‘Zona Nobre’ da Guanabara. Se a vida já era dura para quem morava no Pasmado, na Praia do Pinto, na Catacumba e no Esqueleto, ela aumentou. Em 1962, as terras da Fábrica Bangu deram lugar a casas simples, em ruas com nomes de profissão, mas com carência de tudo.
É impossível falar da Vila Aliança sem mencionar o vice-prefeito Adílson Pires, seu mais célebre filho, vindo também das remoções do Pasmado. As melhorias advindas de seu empenho não foram suficientes para mudar a realidade desta população, que sobrevive e convive diariamente com a violência e a violação dos direitos mais básicos: falta de opção de lazer, praças degradadas e frequentes conflitos entre policiais e traficantes — que provocam o fechamento de escolas, postos de saúde e comércio, como o que aconteceu ontem.
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Viver em risco parece uma sina, mas cidadãos e cidadãs de paz que aqui habitam e não abandonam o lugar por acreditar em dias melhores convivem com o medo, a incerteza e sérios problemas da oferta de serviços como transporte público. As linhas 389, 926, 395, 731, 820 e 737 oferecem péssimo serviço, com uma hora de espera e sem ar-condicionado, além do engarrafamento diário que trabalhadores enfrentam.
A população sempre assistiu às operações da PM e vivencia essa realidade violenta, onde quem paga é sempre quem não tem nada a ver. Vila Aliança quer paz, mas isso parece cada vez mais um sonho distante quando, após a noite de Natal, mais uma vez é gravemente atingida por balas perdidas em confrontos entre policiais e traficantes.
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A esperança dos moradores está no compromisso do governador Pezão de fazer uma Biblioteca Parque, que o prefeito Eduardo Paes e o vice-prefeito reformem a Praça do Aviador, que a Fetranspor fiscalize as empresas responsáveis pelas linhas que operam no bairro. Nesta trincheira de violações de direitos, a violência armada é apenas a mais visível que a população convive.
Binho Cultura é criador da Flizo
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