Por bferreira
Rio - O recente episódio do assassino Sailson José das Graças, que surpreendeu a todos por sua confissão de ter sido autor de mais de 40 crimes, traz à tona carência existente na Baixada que necessita ser revista: mais delegacias de homicídios, pois a única que há, em Belford Roxo, notoriamente não consegue suprir as necessidades.
Nesse contexto, o que se evidencia é um grande número de crimes não solucionados, pois é quase impossível uma única unidade dar conta de atender, investigar e resolver todos os crimes. Apurar mortes cometidas em toda a Baixada demandaria maior efetivo e outras delegacias de homicídios distribuídas de forma estratégica pela região.
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Há quem diga que as vítimas e familiares dali são esquecidos e muitos, maldosamente ou até por falta de conhecimento, chegam a afirmar que falta empenho policial para concluir os casos, o que é uma inverdade. É de conhecimento de todos o crescimento populacional do estado nas últimas décadas. Na mesma proporção (ou quase isso) a população da Baixada aumentou — e a ocupação desordenada também. E, assim, dificultou bastante a atuação da polícia.
Outro agravante, evidenciado pelas autoridades, foi o fato de muitos criminosos, encurralados nas comunidades ocupadas pela UPPs, terem se mudado para bairros dessa região, não só aumentando o número de criminosos e conflitos de facções, mas também de delitos contra o cidadão, ao patrimônio público e à sociedade em geral.
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Infelizmente, todo esse cenário reforça a velha percepção de que o cidadão pobre é irrelevante aos olhos das autoridades e perante o poder público. Mas, nesse caso, o que acontece talvez seja mais um problema logístico e possível de ser revisto. Vale ressaltar que o trabalho de investigação de um crime requer muita responsabilidade e cautela para que injustiças não sejam feitas. E, nesse sentido, nossas polícias têm desempenhando excelente trabalho. Com alguns ajustes, a Baixada em breve terá a maior parte dos seus crimes solucionada.
Marcos Espínola é advogado criminalista
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