Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Deu na internet: existem 12 palavras intraduzíveis, uma vez que só têm em um idioma e nada mais. Citaram o russo, o tcheco, o dinamarquês e o português, por conta da nossa saudade. Um engano, certamente, porque se existe um sentimento que se apodera de nós, ainda pirralhos, e vai crescendo é este.
Decerto a gringalhada o define de outra forma, ou serão insensíveis os habitantes de terras distantes? Creio que não! Pois que, fosse assim,estariam para extraterrestres. Quantos alemães, argentinos e polacos já não deixaram saudades por sofrer de saudade?
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Qual quantidade de saudades cabe dentro duma pessoa? Difícil precisar. Todavia, existe um limite, ou tantos não se renderiam às agruras que elas propiciam: saudade demais, saudade danada, saudade além da conta, saudade pra burro, saudade que mata um, saudade sem fim. Entretanto, uma palavra não presta para classificar um caminhão de saudades.
Haja vista ter a saudade do que foi e já não é, embora faça a cachola zunir de contentamento, exclusivamente a rememorar; a saudade de duas horas, o apego faz minutos virarem horas,dias, semanas; saudade dos que já se foram, aí encontram-se os que deixam saudade, justamente, por sofrer de saudades. Fiquemos nas mais conhecidas, senão reivindicarão um glossário da saudade e, ainda, ficarão saudosos de quando tratávamos a mesma por saudade.
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Quem nunca ouviu dizer que fulano sofre de distâncias, lembranças, léguas, décadas, lonjuras. Mas, como um círculo, saudade não tem início nem fim, porquanto falta aquele que não sinta e deixe saudades. O tempo — não dá pra falar de saudade sem mencionar o danado —, que bambambãs da ciência dizem que volta, avança, para, acelera, sem pé nem cabeça. Unicamente, uma combinação entre ele e a saudade poria termo às saudades sem fim.
Talvez, coisa pros nossos bisnetos matar saudades dos desbravadores de longínquas galáxias, e nós? Resta falar da malvada, rememorar, remoer, entristecer, alegrar-se, espichar uma lembrança para a intrusa grudar qual um quadro na parede do nosso cérebro de tanta aparição. Consta no dicionário Kazar que as lembranças são o esqueleto da alma, assim a saudade é o tutano. Viver é saudade, morrer é saudade, respirar, dormir, andar, comer, enfim;existir é saudade para chineses, árabes, alemães e ianomâmis.
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