Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - 'Não mexerei nos direitos trabalhistas, nem que a vaca tussa”, anunciou a presidenta Dilma Roussef na campanha eleitoral. Não sei se vaca está tossindo, mas que os salários dos trabalhadores estão perdendo poder aquisitivo é incontroverso. Os tais ajustes na economia atingem de maneira frontal os assalariados.
É sempre bom lembrar que o voto dos estratos mais desfavorecidos da sociedade foram decisivos para a reeleição de Dilma. O que era esperança está se tornando decepção. As medidas são justificadas pela necessidade de arrecadação por parte do governo. Mas por essas plagas já se tornou cultural: arrecada-se do suor e do sangue dos mais pobres. O anunciado aumento dos preços da gasolina e do diesel vai recair sobre os assalariados, usuários dos transportes públicos, e que arcarão com o repasse, pelas empresas, para o valor das passagens.
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O veto da presidenta à correção de 6,5% da tabela do Imposto de Renda, aprovada pelo Congresso, recai, de igual forma, sobre os salários, que levam uma mordida voraz com o desconto na fonte. Como se vê, não houve necessidade de mudar uma vírgula sequer da CLT para se operar a redução de salários, o que é proibido pela Constituição. Isso tudo sem falar nas medidas anteriores de ‘ajustes’ nos direitos previdenciários, que, para boa parte da população, constituem meios de sobrevivência.
O Brasil, infelizmente, reforça triste estatística. O noticiário informa que a riqueza de 1% da população mundial deve ultrapassar a dos outros 99% no mundo até 2016, de acordo com a ONG britânica Oxfam. A riqueza desse 1% da população subiu de 44% do total de recursos mundiais em 2009 para 48% no ano passado. Em 2016, esse patamar pode superar 50% se o ritmo atual de crescimento for mantido.
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Aqui, opta-se por aprofundar a desigualdade social, em nome da necessidade arrecadatória do governo. Os sócios do sacrifício são sempre os trabalhadores e os mais pobres. Por que não taxar também as grandes fortunas nacionais? É a pergunta que, há muito tempo, não quer calar.
Wadih Damous é advogado
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