Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Diz o senador Luiz Henrique (PMDB-SC): “Há um processo de velha política, que o Doutor Ulysses chamava de velhaca.” A velhacaria na política brasileira não é nova; com toda certeza, esse fenômeno faz parte do processo de aceleração destrutiva do Brasil.
Com o envolvimento em incontáveis escândalos (como o da Mendes Júnior, que pagava pensão para um dos seus filhos e à ex-companheira), não poderia ser ‘melhor’, para o crime organizado instalado em Brasília, a escolha do senador Renan Calheiros para presidir o Senado pela quarta vez. Trata-se de um legítimo representante da classe política profissional; logo, profundo conhecedor dos métodos escusos de financiamento de campanha.
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Com tanto dinheiro que é dado por algumas lideranças empresariais nacionais, que ‘compram’ com seu poder econômico os políticos, não há como perder uma eleição sequer. Com a redemocratização de 1985, não conseguimos a almejada democracia cidadã. Só chegamos a uma democracia eleitoral (escolha dos representantes pelo voto), mas extremamente defeituosa, sobretudo pela interferência do dinheiro. Quanto mais o político se profissionaliza, mais a política vira um ‘negócio’. Disso Renan é um exemplo paradigmático.
Para arrancar o político profissional do poder (e, muitas vezes, da corrupção), só existe um caminho: proibir a reeleição nos cargos executivos, assim como no Senado, e limitar a dois mandatos no máximo (oito anos) os cargos de deputados e vereadores. Nisso consiste o fim do político profissional.
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João Francisco Lisboa já dizia no ‘Jornal de Timon’ (1852-1858) que a política brasileira cifra-se toda “nestas mesmas supostas frioleiras e trivialidades, nas intrigas, nos insultos ao poder que cai, nas adulações ao poder que se ergue, no ciúme recíproco dos turiferários , na banalidade das declamações, e na cópia servil e ridícula das fórmulas políticas, inventadas para outros debates e outras arenas”. Mas nem porque o nosso teatro seja mais acanhado e obscuro, e os nossos atores e combatentes mais desazados e bisonhos, nem por isso, dizia o autor citado, as paixões que nele se arrostam são menos ardentes e furiosas e deixam de produzir resultados menos nocivos e deploráveis.

Luiz Flávio Gomes é jurista e professor