Por felipe.martins, felipe.martins
Rio - Com os imponderáveis que surgem no mundo a cada milésimo de segundo, temos a convicção de que o universo não é governado por leis precisas e estáticas, mas por partículas microscópicas desordenadas e imprevisíveis. Não há ponto fixo de equilíbrio. Partindo deste princípio, o meteorologista americano Edward Lorenz propôs o Efeito Borboleta, ou teoria de realimentação do erro: o bater de asas de uma borboleta num canto do globo pode causar efeitos devastadores no outro extremo do planeta num curto espaço de tempo.
O Teorema de Lorenz nunca esteve tão visível. A crise do mercado financeiro de 2008, que abalou as economias e derrubou as bolsas de valores mundo afora e em segundos, é um exemplo. A atual crise do petróleo, com o Brent na faixa de US$ 50, é outro: inflação na Rússia e no Irã, com aumento dos juros e do desemprego; a falência da Venezuela; a deflação na Europa, com altas taxas de desemprego e queda da atividade econômica; e a vitória de populista de esquerda radical na Grécia.
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Aqui no Brasil, estamos cercados por incertezas em todos os campos. Em junho de 2013, tivemos o prefácio do “bater de asas da borboleta” quando 1,5 milhão de jovens foram às ruas para protestar contra o aumento de preços das passagens de ônibus. Em 2014, a disputa das eleições presidenciais foi marcada por fenômenos trágicos: a morte de Eduardo Campos e os erros de previsibilidade das pesquisas de opinião pública.
No momento, o país passa por um grande teste. Será que as sentenças do juiz Sérgio Moro mudarão o cenário de incertezas, punindo a rede de gângsteres profissionais do Lava Jato, que colocou a Petrobras em profundo processo de fragilidade financeira e de credibilidade no mercado internacional?
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Na economia, a situação é de incertezas e de elevados riscos para governadores e donos do capital financeiro e industrial. Joaquim Levy, sozinho, será capaz de colocar as contas públicas e os agregados macroeconômicos em ambiente previsível de estabilização com de corte das despesas?
Estamos todos indexados ao Efeito Borboleta da crise externa, da permanência do Levy no governo e a que a presidenta Dilma possa ouvir os ecos da população, e principalmente o ex-presidente Lula, na condução de negociações com os partidos e a sociedade.

Wilson Diniz é economista e analista político
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