Por thiago.antunes
Rio - Esgotaram-se nesta semana os recursos contra a execução, pelo governo da Indonésia, de Rodrigo Gularte. Salvo improvável clemência de última hora, Gularte será o segundo brasileiro a cumprir pena de morte por tráfico de drogas. Tal como Marco Archer, morto com um tiro no dia 17, Gularte foi flagrado entrando no país com droga — seis quilos de cocaína escondidos numa prancha de surfe.
Vimos nas últimas semanas diversas manifestações por clemência aos dois traficantes: por parte da Câmara dos Deputados, das tão ativas associações de direitos humanos (‘direito dos manos’) e até da Presidência da República.
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“Afinal de contas, foi um pequeno erro”, repetiam. No caso de Archer, “foram apenas 13 kg”, ponderavam. Realmente, diante do montante de drogas que circulam no mundo e em nossas favelas, o que são 13 kg? Treze quilos de cocaína pura, após ‘batizados’ e fracionados, podem viciar centenas, corromper dezenas, desfazer famílias, comprar armas, matar policiais e chefes de família, aumentar o índice de roubos, incentivar a desigualdade social, eleger políticos corruptos, etc.
Mesmo assim, nossas autoridades pediram por clemência, como nunca antes haviam clamado para absolver um policial que tenha cometido um erro em sua luta na defesa do cidadão. Sabemos que, se fosse no Brasil, esta pena de morte seria impossível de ser executada, devido aos inúmeros embargos, habeas corpus, apelações, súplicas, clemências e politicagens.
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Mas na Indonésia não foi assim, e há dezenas de traficantes no corredor da morte, incluindo nativos. Como diria o imortal Capitão Nascimento, chefe da ‘Tropa de Elite’: “Na Indonésia o buraco é mais embaixo, companheiro!”
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Comendador José Ricardo Bandeira é presidente do Conselho Nacional de Peritos Judiciais