Por adriano.araujo

Rio - Ao longo de 450 anos, a natureza exuberante constitui o traço comum, por excelência, desta São Sebastião do Rio de Janeiro. Estácio de Sá aportou no Paraíso, nesta Terra de Santa Cruz, em 1º de março de 1565. O quadro natural exibia fauna e flora ímpares. A cidade se planta neste éden mais exatamente para Portugal não perder a porção territorial e, consequentemente, expulsar os dominadores da França Antártica. No transcurso do tempo, viajantes estrangeiros foram exímios cronistas e admiradores da beleza descortinada pela Baía de Guanabara, ilhas, montanhas e reentrâncias desta dadivosa natureza.

As intervenções urbanísticas empreendidas no decorrer do século 20 retocaram o mais que perfeito, conduzindo à urbe carioca a ser coroada com o título-honraria de Cidade Maravilhosa. Seu artífice, o cientista, escritor e jornalista Coelho Neto, cunhou a expressão em 1908. Diante da comunhão entre natureza e ação humana, voltou ao tema em um livro de contos publicado em 1928. Alguns anos depois, em 1934, o compositor André Filho e sua notável marchinha carnavalesca ‘Cidade Maravilhosa’ imprimiriam, através do canto jovial de Aurora Miranda, e arranjo bombástico de Pixinguinha, ressonância extraordinária para o Rio de Janeiro.

Com efeito, ao longo dos séculos, intelectuais, poetas, músicos, religiosos, políticos, gente comum e internautas de diversas paragens ratificaram o deslumbramento, a reverência e a devoção à mais bela cidade. Neste particular, a Sebastianópolis, como ninho aconchegante e em sua vastidão, agrega proteção e querência, assumindo foros de uma concha, lar ou lugar existencial ou da coletividade. Com efeito, estamos todos antenados e on-line navegando em águas de um passado viçoso e desaguando na internet e demais ferramentas pós-modernas.

A cidade ostenta os seus encantos em quadros, depoimentos, gravuras, fotos, discursos, artigos, teses, livros e na oralidade dos cariocas e de toda gente que se apaixona por este Rio de São Sebastião. ‘Bombando’, como dizem os jovens, nas redes sociais seus inesgotáveis ângulos surgem e se ampliam na grandeza de sua opulência registrando e eternizando esta maravilha de cenário.

?João Baptista F. de Mello é coordenador dos Roteiros Geográficos do Rio da Uerj

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