Por bferreira

Rio - A Lei de Responsabilidade Fiscal e o robusto conjunto de ferramentas de controle dos gastos públicos desenterram com frequência desatinos com o Erário — sejam fruto de negligência, imperícia ou mesmo má-fé. É o que parece ser o caso da Prefeitura de São João de Meriti que O DIA vem mostrando desde domingo. Há forte indício de superfaturamento na compra de alimentos, com valores até 60% acima dos de mercado — um disparate que fica ainda mais grave diante da denúncia de penúria na merenda das creches do município, que ainda fazem apelo por doações. Falta até papel higiênico, como publicado hoje. O prefeito Sandro Mattos nega as acusações.

Em tempos de austeridade, cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal vai além de ser obrigação: é questão de sobrevivência. Ontem, o jornal ainda mostrou as primeiras medidas de prefeituras do interior do estado diante da crise econômica. Preveem-se demissões e cortes salomônicos de água e de luz. Em períodos de bonança, já não se devia tolerar qualquer suspeita de malversação do dinheiro público. Nesta tormenta que se avizinha, superfaturamentos deixam de ser crime e viram um câncer — que matará as finanças dos governos.

Denúncias e queixas como as de Meriti chocam, revoltam, até desanimam. Mas provam que a democracia conta com ferramentas eficazes para apontar suspeitas, que devem ser prontamente esclarecidas pelas autoridades. O momento é grave e não permite vacilos.

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