Por bferreira

Rio - Estamos vivendo, no Sudeste, período de queda sem precedentes nas reservas de água. Baixos níveis pluviométricos associados a intensas ondas de calor levaram a uma situação preocupante para a qual o governo do estado, cuja política de desenvolvimento sempre estimulou o consumo, tem enorme dificuldade de propor soluções realmente viáveis. No estado, a crise hídrica é a do Paraíba do Sul, responsável pela água consumida por aproximadamente 92% da população fluminense, e reflete a falta de gestão de recursos hídricos ao longo das últimas décadas.

Como qualquer bem, a utilização da água precisa observar o equilíbrio entre produção e consumo. No estado, o modelo econômico que prevaleceu foi a industrialização acelerada, voltada principalmente para a indústria automobilística e para a siderurgia, ambas grandes consumidoras de água. A organização internacional Water Footprint estima, por exemplo, que para cada automóvel produzido são consumidos 400 mil litros de água.

Junta-se a isso o fato de, ao se estimular esta produção, ser necessário aumentar as vendas. Consequentemente, torna-se maior a circulação de veículos nas cidades, o que também impulsiona o consumo, além de causar a elevação da temperatura.

Para evitarmos um desabastecimento, é urgente a escolha de modelo de crescimento com maior sustentabilidade ambiental, destacando as vocações históricas do Estado do Rio, com o investimento no turismo, cultura, lazer e serviços, comprovadamente grandes empregadores de mão de obra a um custo ambiental baixo.

Vale dizer também que esse novo modelo precisa priorizar a preservação do Paraíba do Sul, com política que valorize as nascentes e o reflorestamento, sem esquecer o tratamento dos esgotos industriais e urbanos, diariamente lançados no leito do rio. É importante também estabelecer um incessante trabalho de conscientização, começando nas escolas, com a finalidade de corrigir a visão deturpada de que a água é um bem inesgotável.

Dr. Julianelli é deputado estadual pelo Psol

Você pode gostar