Por felipe.martins

Rio - O governo corrigiu parcialmente os equívocos dos últimos anos com relação ao setor de energia elétrica. Caiu na realidade tarifária, anulando o desconto dado de maneira precipitada, ressarcindo o Tesouro e as empresas dos custos das termelétricas acionadas em função da crise hídrica. O setor tem boa gestão em geral, e as empresas respondem em tempo.

No entanto, nada está resolvido. Em termos de geração, os reservatórios ainda estão perigosamente baixos; as termelétricas, no limite técnico, com máquinas funcionando 24 horas por dia e sem paradas para manutenção há meses. Obras na transmissão podem aliviar a situação até o fim do ano, mas sem dinheiro do BNDES fica difícil.

Por outro lado, a recessão e os altos preços praticados acabam por abalar o faturamento das empresas, não apenas pela diminuição da carga, mas também pela inadimplência. E mais: afetando os estados, muitos dos quais tendo o setor como principal contribuinte do ICMS.

Na verdade, o setor ainda pode ajudar na volta do crescimento terminando as grandes obras, interligadas, é claro. Assim, permitiria que, com a retirada dos geradores a gás ou a óleo, caísse o preço médio, devolvendo rentabilidade às distribuidoras e geradoras para novos investimentos — e aliviando, com bases sólidas, o consumidor final. É preciso ainda deter o radicalismo dos ambientalistas.

Caso o governo abrisse mão da cobrança de Imposto de Renda sobre ganhos no mercado de ações, taxando apenas os dividendos, a resposta do mercado seria positiva, e as empresas poderiam obter razoável volume de recursos no mercado. Tanto as elétricas e as não elétricas. Nesta crise que vivemos não se fala em cortejar o investidor, o poupador, que no conjunto tem imenso potencial. Inclusive por muitas empresas estarem alavancadas, com dívidas de rolagem a custos maiores do que os esperados. Solução simples, que compensará perdas de receita. E de rápida implantação.

A importância de se pensar em termos capitalistas, que, afinal, é este o modelo formal que seguimos, é atrair recursos para o crescimento da economia como um todo. Ficar no meio do caminho não adianta, e o preço é alto.

Um país só cresce quando suas empresas são rentáveis. Sejam elas grandes ou pequenas, privadas ou estatais.

Aristóteles Drummond é jornalista

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