Por felipe.martins

Rio - Diferentemente de outros países, o Brasil não tem políticas públicas eficazes na assistência aos portadores do transtorno do espectro autista. A falta de ações governamentais eficientes tem mobilizado cada vez mais ONGs e entidades privadas. A principal reivindicação são o diagnóstico precoce e o tratamento multidisciplinar, essenciais para que o autista tenha um melhor desenvolvimento.

O Estado do Rio pode ser pioneiro na causa, pois já foram incluídos R$ 130 milhões no Orçamento deste ano para a execução da Lei 6.169, em vigor desde 2012, que prevê centros regionais de tratamento. São cerca de 160 mil famílias no estado com pessoas autistas, todas à espera do cumprimento da legislação. Mas esse número certamente é maior porque a falta de conhecimento faz o transtorno ser confundido, muitas vezes, com esquizofrenia, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade ou bipolaridade.

Enquanto o poder público continua negligente, ONGs e entidades privadas seguem mobilizadas, caso do Instituto Nacional de Assistência à Saúde e à Educação, que está implantando em unidades públicas de saúde no Rio e São Paulo novo protocolo de atendimento aos autistas nos setores de urgência e emergência.

Pacientes com autismo têm até oito vezes mais chances de desenvolver problemas clínicos, daí a importância do atendimento prioritário. Autistas têm hipersensibilidades sonora e visual e não toleram locais superlotados, por exemplo.

Merece atenção especial uma criança que não olha nos olhos, que tem atraso no desenvolvimento da linguagem, dificuldade de dormir, tende a ficar isolada e apresenta um repertório restrito de atividades ou de interesses. Em qualquer destes casos, os pais devem recorrer a um psiquiatra da infância e adolescência ou a um neuropediatra com experiência em autismo. A intervenção precoce, realizada por equipe multidisciplinar, é fundamental para melhorar a qualidade de vida do autista e sua família.

José Carlos Pitangueira Filho é pai de uma criança autista e diretor do Inase

Você pode gostar