Por felipe.martins

Rio - Todo mundo gosta de ler e de ouvir notícias boas. Consciente ou inconscientemente, ninguém gosta de notícias ruins. Eu também prefiro as boas. Mas, cá pra nós, estamos num momento em que, digamos assim, as notícias insistem em piorar. Claro que você vai pensar no caso do piloto alemão que, aparentemente, se suicidou levando com ele 149 pessoas, entre elas, 16 adolescentes, o que chocou geral e que, ao que parece, sofria de depressão.

Mas em matéria de notícia ruim, a foto da menina síria, de uns 4 anos de idade, que levanta as mãos pra cima, se rendendo, ao confundir a lente da máquina fotográfica com uma arma me tirou do sério. Foi num campo de refugiados. Muita gente pensou que era falsa, mas a BBC entrevistou o fotógrafo turco Osman Sagirli e ele confirmou não só a foto como o clima de medo e pavor entre crianças vítimas de guerras. Que tristeza! Distante de nós, geograficamente, a gente se entristece ou deprime, muita gente evita ler e ou saber destes casos, e vai levando a vida, no clima ainda bem que não é aqui. Mas aí, como uma bofetada, aparece o caso do menino negro, brasileiro como nós, ali, em São Paulo, que a vendedora da loja chique não quer que frequente ou que fique parado na porta da loja em que ela trabalha. E o racismo, que não sai da pauta, ressurge com muita força. Adormece, finge que não existe, mas está aí, na cara da gente.

Claro, não é só aqui. É no mundo todo. Nos campos de futebol, já vimos dezenas de atos racistas, sempre repetindo o preconceito. Esta semana, nos Estados Unidos, um homem jogou uma casca de banana num humorista que estava no palco, por conta de uma piada que não gostou. Quem era o humorista? Um negro. Aliás, o racismo ressurgiu com muita força em estados americanos, como em Ferguson, Missouri, Estados Unidos, onde o presidente é negro, portanto onde, teoricamente, a igualdade de raças já teria sido conquistada. Mas ao que parece, eles também estão longe desta igualdade. O racismo fica apenas escondido, disfarçado, no coração e na mente de muita gente, latente, pronto para vir à tona. Nos pequenos e grandes gestos e nas palavras.

Repare você mesmo no seu dia a dia, quando reclama da vala a céu aberto das praias e diz: vala negra. Ou quando vai explicar uma situação de dificuldade: a situação está preta ou negra. Ou quando está se referindo a um negro: aquele moreno escuro. Claro que não é só com os negros. Os judeus reclamam quando se usa o verbo judiar. Os gordos são apontados como ponto de referência. E os gays sofrem do mesmo jeito. Agora mesmo, no estado americano de Indiana, o governador aprovou uma lei que autoriza a proibição da entrada de gays em estabelecimentos comerciais do estado e chamou a lei de “ato de restauração da liberdade religiosa”. Quando a gente acha que já viu de tudo, descobre que não. Que o preconceito tem piorado. Ou será que tem ficado mais visível?

Você pode gostar