Por felipe.martins

Rio - A literatura sobre estrutura partidária no Brasil é bastante rica em análises. Um dos clássicos é ‘Sistemas partidários em novas democracias: o Caso Brasil’, de Scott P. Mainwaring, PhD em Ciência Política por Stanford. O professor explica como os partidos usam a patronagem — auxílio financeiro — como controle nas pequenas e médias cidades. O Brasil tinha 5.565 municípios nas eleições de 2012; 4.600 eram grotões com menos de 25 mil eleitores. É um exército de reserva de 39 milhões de votos dominado pelas oligarquias.

Esses grupos familiares montam redes profissionais de benefícios, criando uma casta clientelista dentro da máquina dos partidos sob o controle de cabos eleitorais. No comando do poder, os donos das legendas controlam as convenções, mobilizam eleitores das camadas mais pobres e pressionam funcionários públicos para se filiar e votar em membros dos diretórios, muitas vezes sem conhecer os nomes.

A fotografia de Scott retrata a realidade das últimas eleições municipais. Exemplo é Campos, dominado há 30 anos pelo Clã Garotinho, em processo permanente de rotatividade. A manutenção do poder é alimentada por programas de cunho populista, como o Cheque Cidadão, distribuído para 21 mil eleitores, e pelo Passagem a 1 real. Mas não cria empregos e ou políticas estruturantes que resgatem a população mais pobre para o mercado de trabalho. A política do ‘dandismo’ no estilo bolivariano de Maduro é imperiosa como trampolim para o Garotinho sonhar com o cenário nacional.

O modelo campista da patronagem domina as pequenas localidades. No Nordeste, famílias como os Sarney, no Maranhão, e os Gomes, no Ceará, mantêm o poder através de repasses de verbas do governo federal pelos representantes das oligarquias no Congresso.

O PMDB é líder em patronagem, pois manda em 1.025 cidades com menos de 30 mil votos, abrangendo contingente de 22,8 milhões de eleitores com renda média de R$ 1.428. Um terço deles recebe Bolsa Família.

Nas eleições de 2016, o poder do PMDB se ampliará em todas as cidades do país como base para ter candidatura própria em 2018. No Rio de Janeiro, o governador Pezão deve romper o ciclo político dos garotinhos.

Wilson Diniz é economista e analista político

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