Por felipe.martins

Rio - No tabuleiro de xadrez da análise política, o jogo da sucessão de 2018 começou com as manifestações de rua no início do segundo mandato da presidenta Dilma. A teoria dos movimentos populares é vasta: vai desde a análise psicossocial — Freud, as massas e o eu — ao campo da comunicação e das redes sociais hiperconectadas e independentes de partidos políticos, mas contra o governo.

A massa de jovens na faixa de 16 a 24 anos (quase um quinto do eleitorado) que está à porta do mercado de trabalho numa economia em crise ratifica as mudanças nas próximas eleições. Sem perspectiva de emprego, eles vão às ruas — sem lideranças políticas e sem ‘ídolos’ —, organizando-se pela internet. É resposta à falência do sistema partidário e ultrafragmentado no Brasil, que, com 27 legendas, não sinaliza alternativas para atender a seus anseios.

Desiludida com mensalões e petrões, a massa de jovens abandona o PT, que hoje tem apenas 5% deste segmento de eleitores. Já o PSDB, com bandeira política neoliberal, ultrapassa em preferência o PT, que já teve um terço do eleitorado do país.

A faixa dos votantes acima de 45 anos, onde as variáveis da economia têm forte influência na urna, completa um contingente de eleitores (57%) que será decisivo para mudar o quadro eleitoral em 2018. É um segmento nas franjas da terceira idade, e boa parte está fora do mercado de trabalho, vivendo de aposentadorias e sem o aparato do Estado do Bem-Estar Social.

Os números publicados da última manifestação, que levou 700 mil pessoas às ruas, tapam o termômetro da crise política, se comparados com os do início do ano contra Dilma. A tendência destes atores envolvidos nas manifestações é sair das ruas, buscando alternativas de aglutinação, mobilizando congressistas e líderes partidários, que estão atentos a atender e formar pauta alternativa de governo.

As últimas pesquisas são evidentes. Mais de 70% desejam mudanças. As taxas de rejeição ao governo são de 67%, e 77% pedem o impeachment da presidenta, mesmo que as lideranças dos partidos afirmem que o momento político não é viável para destituí-la. Os labirintos das redes sociais escondem uma massa de eleitores desiludidos que as pesquisas de opinião não detectam. São eles que confirmam que o ciclo do governo petista se esgotou.

Wilson Diniz é economista e analista político

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