Por felipe.martins

Rio - Semana passada, o Brasil foi tomado com a surpresa da criação de 2.800 vagas para os cursos de Medicina, com perfil interiorano, a princípio facilitando estudantes que habitam áreas distantes das capitais, onde as faculdades estão concentradas. Foi uma ação conjunta dos ministérios da Educação e da Saúde. Com esta medida, que se soma às anteriores, abrindo vagas em cursos existentes e novos — com destaque para o que será instalado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo —, aos poucos o Brasil atenderá à demanda por médicos que se disponham a ficar no interior.

Estas medidas, sob o ponto de vista de uma Educação de qualidade, tendem a forçar os gestores municipais a investir cada vez mais na área, evitando que suas cidades sejam abrigos de estudantes de outras partes que trarão benefícios somente pelo pagamento dos aluguéis e consumo local. Quanto mais esta medida for assimilada pelos prefeitos e secretários de Educação, como facilitadora da manutenção dos estudantes nas suas cidades de origem, automaticamente os investimentos na formação do corpo docente deverão refletir a vontade política do gestor.

Assim agindo, quando for terminando o tempo dos profissionais estrangeiros, maioria no início do Mais Médicos, os brasileiros ocuparão este espaço de modo natural e sem os alardes provocados por grupos que se posicionavam contra os “invasores”. Importante verificar que na segunda convocação para as cidades mais distantes, quase cinco mil brasileiros atenderam à proposta e estão trabalhando pelo SUS.
Como estamos na sociedade do conhecimento, será através dele que solucionaremos nossos problemas de saúde e, portanto, todas as medidas que favoreçam a melhoria do setor precisam receber o aplauso dos formadores de opinião, dos políticos e de quem tem responsabilidade administrativa.

Se o acadêmico estiver fazendo o curso de sua escolha na região onde nasceu, a tendência será a de formar-se e lá permanecer. Com os de fora pode ocorrer algo semelhante, sobretudo porque muitos acabam se ajustando às novas realidades e ao desenvolvimento que caminha para muitas regiões do interior, mormente incentivado pela potência do agronegócio, pela mineração ou projetos energéticos.
Cabe ao governo acompanhar a implantação e estabelecer os parâmetros das avaliações. Às instituições contempladas com mais vagas, fazer jus à confiança nelas depositada. Aos cidadãos, aplaudir e aguardar.

Hamilton Werneck é pedagogo e escritor

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