Por bferreira

Rio - O acordo nuclear com o Irã e a retomada das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba ensejam aspirações românticas envolvendo “um mundo melhor” ou “paz entre as nações”. Há, infelizmente, conflitos e problemas de sobra por todo o globo, mas não se pode negar a importância dessas duas conquistas — que tiveram o surpreendente empenho de Barack Obama, então claudicante num fim de mandato, já eclipsado pela disputa de 2016.

Cuba e Irã vivem realidades distintas, mas sofriam consequência semelhante, um duro embargo — em cada país com suas motivações. No caso da ilha do Caribe, ficava cada vez mais evidente o anacronismo das sanções. No episódio persa, não se sustentavam mais as acusações acerca de bombas de destruição em massa, ainda mais com meio mundo observando a indústria nuclear iraniana.

De onde se conclui que os dois países pagavam, até hoje, por picuinhas do século passado. Ainda é cedo para falar em total liberdade em ambos os casos — até porque há gente reticente nas três pontas do processo —, mas avançou-se como há muito não se via. E não havia justificativa para a inércia.

Como problemas reais, citam-se a crise grega e o risco de quebra na Zona do Euro; a incerteza na economia da China; as excentricidades da Coreia do Norte; e a ameaça fluida e disseminada do Estado Islâmico, com seu terror líquido que, mesmo em pequena escala, pode fazer estragos. É com essas questões que os Estados devem se preocupar, não com ‘inimigos’ ultrapassados e inofensivos.

Você pode gostar