Rio - Os pagamentos feitos pela Petrobras à Receita e ao governo do estado — em boa hora — demonstram que a estatal vinha dando o péssimo exemplo de não cumprir com as suas obrigações fiscais. E isso é tão grave quanto as barbaridades apuradas pela Justiça. Mostra gestão temerária. Estes impostos devem ter sido pagos com gravames de lei.
Soa estranho o que vem ocorrendo com nossas maiores e mais conceituadas estatais. A Petrobras virou caso de polícia, aqui e no exterior. A Eletrobras acaba de divulgar prejuízos consideráveis. E olha que a empresa é conceituada pelos seus técnicos e quadros administrativos, que dotou o Brasil de um exemplar parque gerador hidráulico, incluindo duas das maiores usinas do mundo, a binacional Itaipu e a Tucuruí.
Ora, a empresa que era a número um no Brasil em valor patrimonial foi vítima de um golpe do próprio governo que a controla, ao perder as concessões de usinas. Por mais que a presença privada seja importante e deveria ser mais bem-vinda, os grandes projetos de geração e transmissão passam necessariamente pela Eletrobras. Ela tem quadros de excelência, experiência e respeito internacional; portanto, poderia sair do imobilismo a que foi condenada, por imposição do próprio governo.
A Eletrobras não se viu envolvida em negócios suspeitos de sua responsabilidade e gestão, e o que vem surgindo de acusações não envolvem benefícios pessoais para os gestores. Aliás, é bom registrar que, nestes anos petistas de grandes equívocos e graves manipulações, o setor elétrico passou incólume, tendo tido apenas a primeira gestão questionada sob todos os aspectos. Mas veio logo a correção e a entrega a quadros do setor.
O aconselhável seria apoio e controle às nossas estatais, de um lado, e a criação de condições de atratividade para o setor privado, por outro. E a CVM, o TCU e a CGU não fecharem os olhos para as empresas regidas pelo regime privado quando na verdade são controladas por estatais. E aí mora o perigo dos altos salários e das ‘consultorias’.
A situação é de certo alívio em função da recessão brutal. Mas esperamos que não permaneça por muito tempo. É preciso liberar projetos e devolver a rentabilidade tradicional do setor.
Aristóteles Drummond é jornalista