Rio - Sim, confesso, parei de atender o telefone fixo na minha casa. Ainda não cancelei o serviço, mas não tomo mais conhecimento quando toca. Finjo que não ouço. Não, não se trata de um capricho. É, na verdade, uma tentativa de sobrevivência à invasão domiciliar dos serviços de telemarketing. Cansei. Não aguento mais saber das redes de telefonia, dos serviços que prometem aumentar a velocidade da minha internet e me recuso a ouvir os pedidos de dinheiro para duvidosas obras sociais.
Não sei vocês, mas ninguém que eu conheço me liga mais para o número fixo. Só pelo celular, me liga quem comigo quer falar. O resto, sim o resto, parece só querer me irritar. Em geral começa às 8 da manhã e vai até tarde da noite.
As ligações chegam de distantes partes do país. Em São Paulo já há lei que proíbe este tipo de ligação ou, pelo menos, dá ao consumidor o direito de se defender desta chatice, cadastrando seu telefone fixo numa lista de quem não quer receber este tipo de ligação. Em outros estados também há leis. No Rio não. Por aqui, pode tudo também na área do telemarketing . O único caminho que resta a quem quer fazer valer seu direito ao sossego telefônico é ligar, individualmente, para o sac de cada uma destas empresas que perturbam e pedir para não ser incomodado. Mas é fundamental anotar o número do protocolo porque elas não vão cumprir sua decisão.
Então, me dizem advogados desta área de defesa do consumidor, você, pobre usuário que paga sua linha de telefônica, terá que recorrer à Anatel (no caso da oferta de telefonia) ou a outras agências reguladoras, dar o número do protocolo da reclamação feita, para aí sim, ser atendido pela referida empresa. E assim será para cada uma de suas reclamações. Tudo isso porque não existe uma legislação que coloque ordem nos casos de oferta de serviços e produtos.
Há leis prontas no Congresso , que valeriam para colocar ordem no país inteiro. Mas dizem que não serão aprovadas porque o setor de telemarketing emprega mais de um milhão de pessoas no país inteiro. Mas não termina aí a lista de aborrecimentos. Todo dia, uma pessoa comum recebe dezenas de e-mails vendendo produtos e fazendo ofertas de serviços. Por quê? Porque as empresas onde você é cadastrado vendem seus bancos de dados, considerado um produto valiosíssimo, para outras que vendem para outras e seu e-mail cai na boca do povo. E por que isto acontece? Porque também não há legislação que proíba a venda do banco de dados. Resumo da ópera do telemarketing: você está lascado e continuará a ser incomodado. Para todo o sempre.
E-mail: comcerteza@odia.com.br