Por bferreira

Rio - Na contramão das discussões que consideram crianças legalmente imputáveis, os pequenos brasileiros ganharam este mês um cuidado extra, com a publicação da Política de Atenção Integral à Saúde da Criança. Tendo como princípio a vulnerabilidade, reiterando a prioridade à saúde, conforme definido na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente, a política destaca a atenção integral com as doenças mais comuns na infância e com doenças crônicas.

Observadas as causas de morte por doença em crianças no Brasil, o câncer ocupa o terceiro lugar na faixa etária entre 1 e 4 anos e o primeiro lugar entre 5 e 19 anos. Embora não seja comum, o câncer infantil traz enormes impactos financeiros, emocionais e sociais para as famílias, roubando a infância e importantes anos de vida, quando o desfecho não é positivo. Porém, as chances de cura são animadoras, podendo chegar a 80% se o diagnóstico for precoce, e o tratamento, de qualidade.

Para garantirmos desfechos cada vez mais positivos, é preciso uma força-tarefa que comprometa diferentes grupos da sociedade, pacientes e familiares na definição, na implementação e no acompanhamento de políticas públicas voltadas para a saúde integral da criança. No caso do câncer infantil, essas políticas precisam considerar o público até 19 anos, pois a doença nessa faixa etária tem peculiaridades próprias.

Diferentemente de adultos, o câncer em crianças e adolescentes não pode esperar por 60 dias porque a doença avança rapidamente. Com sinais e sintomas parecidos com outras doenças, é imprescindível que os médicos tenham formação específica. Outro importante desafio é a implementação e o monitoramento dos registros, fundamentais para a avaliação e a revisão de processos e protocolos assegurando qualidade a todas as etapas do tratamento.

Por não ser tão frequente, é possível organizar de forma mais ágil e eficiente esse cuidado. Essa organização, no entanto, será mais eficiente quanto mais for possível envolver não só o setor público, mas também as famílias e a sociedade. Vale lembrar que o câncer infantojuvenil tem cura, por isso, nessa força-tarefa precisamos estar todos Unidos pela Cura.

Laurenice Pires é gerente da Área de Saúde do Desiderata

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