Rio - O câncer infantojuvenil é doença de alta complexidade que precisa da integração das redes municipais, estadual e federal para alcançar bons prognósticos e ampliar as chances de cura. Apesar de ser a doença que mais mata de 5 a 19 anos no Brasil, o câncer nesta faixa é raro e não entra na agenda prioritária dos governos. O cenário exige alto envolvimento da sociedade para tornar públicos os desafios impostos por esta doença que mobiliza famílias inteiras e tem grande impacto social.
O Fórum de Oncologia Pediátrica, que acontece no Rio, debate experiências, coloca luz sobre os pontos que ainda precisam ser qualificados e propõe ações coletivas para a melhoria da rede de atenção integral da criança e do adolescente com câncer, monitorando bienalmente os avanços e os desafios a enfrentar.
Desde o último encontro em 2013, alguns avanços importantes ocorreram: foi instituída a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, que preconiza a atenção aos agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas. A Secretaria Estadual de Saúde também vem trabalhando articuladamente com outros níveis de gestão para adequar e unificar a regulação do acesso aos serviços de saúde para todo o estado.
Foi apresentado ainda pelo governo estadual um Plano de Atenção Oncológica, com metas específicas para o câncer infantojuvenil. Houve a ampliação da capacitação para suspeição do câncer para outros municípios, que antes acontecia somente na capital. E foi ambientada exclusivamente para crianças mais uma sala de quimioterapia em hospital público.
Tais avanços são fundamentais para a rede de atenção oncológica no estado, pois representam marcos estruturantes que apontam a relevância do tema e comprometem governos e sociedade com o monitoramento de sua implementação, fazendo com que planos passem a ser ações concretas que qualifiquem diretamente o serviço prestado. Porém, para que isto aconteça de forma orgânica, cada um precisa fazer sua parte, constituindo de fato uma rede de atenção integral, reafirmando um compromisso coletivo que tenha como foco essencialmente o paciente, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento de qualidade.
Roberta Marques é diretora-executiva do Desiderata