Por bferreira

Rio - Reza a lenda que só há uma certeza na política: a de que o PMDB fará parte do próximo governo. Partindo dessa premissa, seja no Executivo, seja no Legislativo, o PMDB, enquanto lhe convinha, sempre esteve ao lado dos poderosos. Obviamente, aproveitou-se das ‘mordomias’ através da ocupação de ministérios, estatais, agências reguladoras e cargos comissionados. Como ocupante de boa parte da máquina, não pode, agora e somente agora, diante dos baixíssimos índices de popularidade da presidenta, querer pular fora — ou, como se diz no jargão popular, largar a boquinha, como se nada tivesse com isso.

Nunca é tarde lembrar que a chapa vencedora das eleições presidenciais de 2010 e 2014 foi e é composta pelo PT e pelo PMDB. Temos uma presidenta e um vice representando um ‘projeto de governo’. O PMDB não faz parte da base do governo; o PMDB é governo.

A justificada impopularidade da presidenta, em níveis nunca antes vistos na história deste país — após desastrosas ações da primeira-mandatária —, não pode servir de pretexto para que o PMDB, de forma conveniente, procure se afastar do governo, pois dele faz parte desde 1º de janeiro de 2011.

Não é razoável, portanto, que o agora revoltado PMDB, querendo sair bem na foto , informe à nação, após um jantar (bancado pelos contribuintes) oferecido na residência do vice-presidente Michel Temer, que “a iniciativa de aumentar os impostos deve ser do governo”, quando , na verdade, deveria assumir, com o PT, o fracasso por essa crise econômica, política e moral que assola nosso país.

Se, por outro lado, o PMDB entende que deva pregar a independência do governo do PT, que dele saia imediatamente. Inicialmente deve se confessar corresponsável por tudo de ruim que aconteceu nesse governo até a sua saída. Em seguida, devolvam todas, exatamente todas, as funções e os cargos públicos ora ocupados.

Daí, precisa orientar seus comandados na Câmara e no Senado (eleitos pelo povo) para que, não havendo alternativa, ajudem a tirar o país dessa enrascada em que ajudaram a colocá-lo, com responsabilidade, pois uma coisa é certa: os governos passarão, e o Brasil fica.

Ricardo Carvalho é administrador de empresas

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