Por bferreira

Rio - No último dia 7 de setembro, quando o Brasil comemorava a Independência, foi iniciada a contagem regressiva de um ano para os Jogos Paralímpicos 2016 — quando o Rio receberá 4 mil atletas de 178 países, disputando 22 modalidades esportivas. Temos uma chance de ouro para, cronômetro na mão, fazer de 2016 um divisor de águas na nossa relação com as pessoas com deficiência: são 3,9 milhões de almas, ou 24% da população do estado, segundo o IBGE.

Há tempos elas tentam nos mostrar que a deficiência não está tanto nas pessoas, mas no ambiente em que vivem. Apesar dos avanços, temos sido na maior parte do tempo cegos, surdos e mudos. Esse é o nosso grande desafio. Mais do que aprovar leis que melhorem a vida das pessoas com deficiência, precisamos cobrar o cumprimento das que já existem e na sensibilização da sociedade.

Por isso, a Alerj convida a todos para uma reflexão sobre o tema. Amanhã se comemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência; nesta data, vamos iniciar duas importantes ações. Numa parceria inédita com o governo do estado e o Rio Solidário, a Alerj promove até quinta-feira ‘O Rio Consciente’: será montada na Praça 15 plataforma de obstáculos onde a população será convidada a vivenciar um pouco da experiência diária das pessoas com deficiência, como andar de cadeiras de rodas em calçadas esburacadas e sem rampas, entrar em táxis não adaptados e não conseguir escutar o que as pessoas falam.

Ao mesmo tempo, vamos abrigar, por uma semana, a exposição ‘Inclusão pela Arte’. A mostra, que ficará entre 21 a28 de setembro no Salão Nobre do Palácio Tiradentes, reúne trabalhos de artistas que usam os pés e a boca para pintar, integrantes da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés do Rio. Serão expostos, ainda, quadros de Flávio Nakan, ex-vereador de Mesquita, morto em março, que também pintava com a boca. São obras que mostram que, assim como o esporte, a arte ajuda a romper barreiras.

Estamos juntos no esforço de construir um Rio mais inclusivo e justo. Que os Jogos nos ajudem a conscientizar governos e sociedade de que é hora de as pessoas com deficiência darem seu grito de independência.

Jorge Picciani é presidente da Alerj

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