Por felipe.martins

Rio - O governo do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) foi marcado pelo sucesso do Plano Real, que quebrou a espiral da taxa de inflação, retirando o peso sobre os salários dos trabalhadores. No conjunto de suas políticas neoliberais, privatizou estatais ineficientes, abriu o mercado para o setor automobilístico e implantou programas de transferência de renda, como o Bolsa Escola. Na economia, ficou o legado de ter deixado taxa de inflação de 9% e Selic de 25%. Com Armínio Fraga no Banco Central, pôs em prática o arrocho monetário e encheu os cofres dos bancos com dinheiro público.

Lula (2003-2011), eleito com a ‘Carta ao Povo Brasileiro’, deixou o Planalto com 80% de aprovação. Manteve a estabilidade da moeda sem impor restrição ao crédito. Incentivou o consumo sem impulsionar a inflação, que ficou em 6%. Fomentou o setor automobilístico com financiamento de até 60 meses. Implantou o maior programa de transferência de renda, o Bolsa Família, que contempla mais de 14 milhões.

O PIB cresceu em média 4%, beneficiado pela pujança da economia chinesa. O desemprego oscilou de 7,6% para 5,3%, dentro das metas do Banco Central. A taxa de juros caiu dos 25% de FHC para 8,7%. Seu governo, considerado de esquerda, colocou em prática a cartilha do neoliberalismo, introduzindo postulados do trabalhismo inglês, esquecendo-se dos manuais da esquerda dos anos 50.

A habilidade de Lula em negociar com a base aliada das oligarquias que comandam o Congresso sustentou sua governabilidade, mesmo em momentos críticos, quando a oposição teve a oportunidade de entrar com o impeachment quando do Mensalão. Em acordos espúrios com os líderes do Congresso, com apoio popular e da classe empresarial, saiu limpo de qualquer acusação.

Dilma, em cinco anos de governo, sem rumo na condução da política econômica, sem capacidade de negociação com aliados e eleita escondendo os ‘truques contábeis’, tem sérios riscos de ser destituída. Em ‘transtorno psíquico no campo político’, com temperamento imprevisível, rompe com a base e com seu mentor, que entrou em cena na última semana, negociando para salvar o governo. Dilma não é de esquerda. É uma obnubilada política.

Wilson Diniz é economista e analista político

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