Por bferreira

Rio - Estamos no nono mês do ano, e a crise na economia só tem sido agravada pela ausência de apoio político e falta de iniciativas de coragem do governo. Foram meses pedidos para um ajuste que vem em fatias e com o agravamento semanal do quadro econômico.

Boa parte do PIB nacional está sendo perdido com a alta dos juros (um custo sobre a dívida pública estimado em R$ 400 bilhões), mais o aumento da dívida no primeiro semestre, que ultrapassou os R$ 300 bilhões. A queda nos investimentos públicos e privados e até mesmo no emprego são preocupantes pela ausência de perspectiva de reversão no curto prazo.

A situação pode fugir ao controle com novos rebaixamentos por parte de agências de avaliação de riscos. Uma fuga de capitais pode levar o dólar a mais de R$ 5 em poucas semanas. A rentabilidade das empresas, algumas das grandes, vem caindo de maneira preocupante.

Não se entende essa apatia. Essa falta de iniciativas práticas por parte do governo, de um projeto alternativo da oposição e um manifesto das classes produtoras, perplexas e assustadas com o cerco político. O projeto do repatriamento chega a ser risível com o imposto exigido, muito maior do que na Itália e Portugal.

O agronegócio vai mantendo a economia, mas as obras de infraestrutura, fundamentais para o crescimento, estão ameaçadas pelos cortes nas despesas em todo o país.

A sociedade não percebeu que o país não pode ficar parado, acompanhando processos judiciais envolvendo corrupção em estatais e órgãos públicos. A vida continua, o Brasil não acabará, e a crise na economia em nada ajudará a passar a limpo tantas barbaridades cometidas. O Judiciário poderia colaborar apressando os julgamentos pendentes.

Precisamos de uma agenda positiva, objetiva, realista, visando à retomada do crescimento, à recuperação do conceito junto a investidores, à confiança do poupador. Vamos entrar em semanas muito negativas nas vendas e na substituição de estoques.

O imobilismo é inacreditável. E todos têm sua parcela de culpa. Querer agradar a todos não é possível e muito menos recomendável.

Aristóteles Drummond é jornalista

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