Por bferreira

Rio - De um lado o medo, o pânico e o desespero de quem só quer andar na rua com tranquilidade ou ir à praia para relaxar. Do outro, autoridades empurrando a culpa para outras autoridades. No centro da inevitável discussão, os teóricos da antropologia e da sociologia e sei lá mais do que defendendo teses algumas absurdas outras não sobre a questão da violência. No meio de tudo isto, entre tantos relatos, a moça que veio da Baixada Fluminense, que certamente ainda não terminou de pagar seu celular, vítima do “menino” de 1m80, larápio ágil e em ótima forma física para correr muito com o produto do roubo.

A situação não é nova. A história se repete a todo verão. E a cada novo verão fica mais fora de controle. Aliás desta vez foi antecipada, começou no último fim de semana do inverno. Aliás, que inverno mesmo? Pelas redes sociais, onde nestes tempos todo mundo tem voz, a violência corre solta, tão solta quanto na vida real. Há quem defenda “olho por olho, dente por dente” e há quem desculpe o “menino” em nome de Deus ou de suas convicções políticas.

Não concordo com nenhum dos dois lados. Mas me sinto condenada à “prisão domiciliar”. E não acho justo. Afinal não é crime querer ir à praia ou passear na praça. São lugares democráticos, todos concordam. Mas há que ter regras, já que é para todos. Todos deveriam concordar. A moça de nome esquisito, que vou me dar o direito de não mencionar, tem apoio oficial para defender os “meninos” da polícia que precisa trabalhar para ajudar a conter a tal da violência urbana. A polícia, por sua vez, nem sempre age como deveria , o que todo mundo também sabe. Os “meninos” fazem o que querem e como querem.

Supermercados fecham, famílias se trancam, as grades que um dia ficavam nas janelas faz tempo já ganharam as calçadas, o pessoal da terceira idade se recolhe porque sabe que os “meninos” têm certeza que eles são as vítimas mais vulneráveis. As delegacias ficam cheias das pobres vítimas dos pobres “meninos”, que deixam as delegacias antes mesmo de quem foi roubado ou agredido. Será mesmo que alguém acha isto normal ou natural? Será que basta constatar que esta situação é sinal dos tempos? Será que nós, os moradores ou visitantes desta cidade maravilhosamente linda, mereceremos isto? Será que não há mesmo nada de concreto a fazer? Será que basta classificar como de direita ou como reacionária a população que vive com medo, obrigada a se trancar em casa? Também não concordo com os grupos que se reúnem para tentar resolver eles mesmos o que as autoridades não resolvem. Mas não era previsível?

Todo mundo sabe que, principalmente nos domingos de sol, a guerra vai ser instalada ou ficará ainda mais visível que nos outros dias. Todo mundo sabe que a violência gera violência, como a gentileza gera gentileza. E aí, vai deixar correr solto? É isto mesmo? Até quando? Depois, chegam na maior cara de pau para pedir voto. Fala sério!

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