Por adriano.araujo

Rio - Dois pilares são primordiais para a cidadania. A Educação, pois sem ela a formação fica comprometida, e a Saúde que, de acordo com a Constituição, é direito de todos e dever do Estado. Mas, infelizmente, não é isso que vemos na prática. No Rio, o povo está carecendo de atendimento, sendo humilhado em filas intermináveis e, em alguns casos, morrendo à míngua.

As cenas que vimos há poucos dias, quando centenas de pacientes do Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, enfrentaram horas de longas filas, debaixo de um sol escaldante, representam a realidade trágica. Passamos do limite da sensatez, da negligência por parte das autoridades e da falta de humanidade.

A fila chegou a dar volta no quarteirão, contabilizando mais de 500 pessoas, boa parte idosos, tendo alguns deles passado mal devido ao forte calor. Vale ressaltar que esse episódio específico aconteceu num hospital ‘conceituado’ e de ‘referência’; então, o que esperar de outras unidades?

De acordo com o atual ministro, o pior ainda está por vir. Recentemente, ele declarou que o cenário para 2016 não é bom e com o orçamento aprovado a Saúde entrará em colapso. E aí uma reflexão: ainda não estamos nesse colapso? O que mais falta?

Não precisamos ser especialistas para afirmar que há décadas o nosso sistema de Saúde vem se deteriorando. Já passamos do fundo do poço há muito tempo. Tudo isso sob olhar omisso do poder público. O senhor ministro que me perdoe, mas sua previsão é furada, pois já vivemos o caos.

A grande massa popular está entregue à própria sorte, com unidades de atendimento com pouca estrutura, onde faltam médico e equipamentos. Os grandes hospitais são superlotados e despreparados para atender à demanda. Enquanto a justificativa vai sempre na questão orçamentária, obras e mais obras para os eventos esportivos param a cidade. Além disso, milhões e milhões são descobertos todo dia, a cada denúncia de corrupção.

A Saúde oferecida pelos planos privados também vai muito mal. Consultas e exames exigem espera de até seis meses. Morre-se em decorrência do péssimo atendimento. As operadoras oferecem o paraíso na hora de vender, mas deixam abandonados os consumidores no momento em que mais precisam.

Nossa Saúde está agonizando.

?João Tancredo é advogado especial. em Respons. Civil

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