Por felipe.martins

Rio - Foi hilário ler as declarações de Eduardo Cunha admitindo que “controla” contas na Suíça. Depois, teve o juiz que retorna a seu cargo, sem falar na saída da juíza que deu fôlego à investigação nas empresas do filho de Lula. Coroando a maluquice, a preocupação maior das autoridades ficou por conta do vazamento da notícia na ‘Época’, isso, sim, um caso a ser investigado! Vamos ao ‘comportamento’ ético e moral dos envolvidos?

Em relação às contas na Suíça, Eduardo Cunha, pegando carona no sobrenome, não se fez de rogado: ‘cunhou’ versão simples e descarada, recheada de cinismo, bem dentro da ‘moda’ como as questões sérias são tratadas no país. Tentam nos fazer de bobos, ou melhor, não estão nem aí para o que pensamos deles!

Qualquer resposta sem o menor cabimento dita com cara séria, pensam eles, é transformada em pretensa verdade com peso e valor. Ele bem merecia como resposta algo mais hilário ainda da parte de quem escuta: “Essa é boa! Tá me tirando de otário?!”

Qualquer brasileiro que escuta e olha a fisionomia deles deve pensar assim. Eles, ao contrário, com o rosto sério, fisionomia impenetrável, sustentam a verdade que querem vender: “As contas foram abertas em meu nome e em nomes de parentes e empresas. Sou apenas o administrador delas!” Pronto, está dito, dou fé, é verdade, prove o contrário. Vale não esquecer que o ônus da prova é de quem acusa: “Se você não tem provas, não se arvore, pode ser processado por calúnia e difamação! É bom ter cuidado, você pode virar réu nessa!”

Nesse quadrado envolvendo essas duas notícias, ficam a cara da juíza substituída que autorizou a busca na empresa do filho do Lula, condenada a descansar, e a declaração do juiz que estava no STJ. Ele, justificando a volta ao cargo, declarou: “Meu trabalho no STJ acabou, sou o juiz natural do caso e não posso simplesmente repassar a tarefa a outra colega!” Justo a que deu novo fôlego à Operação Zelotes? A notícia é de tirar o fôlego, deve ser esse, então, o motivo da volta do fulano. Em se tratando de Judiciário, alguém dizer que acabou o trabalho no STJ é no mínimo curioso.

São tempos de legalização do cinismo, da hipocrisia, do mau-caratismo e de tudo que é moralmente desprezível se pode imaginar e esperar como resposta para se sair ‘bem’ de uma pergunta.

Fernando Scarpa é psicanalista

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