Por bferreira
Rio - Quando foi a última vez que você — mãe, pai ou responsável — foi até a escola do seu filho para saber como andam as coisas? Faz muito tempo, não é? Bem-vindo ao clube dos pais que pouco ou quase nada participam da vida escolar dos filhos. Nesta semana, presenciei uma conversa que me deixou bem surpreso. Duas mães estavam na escola, aguardando o elevador, para se dirigir à reunião dos pais, mais uma convocada pela instituição. Neste momento, uma vira para a outra e diz que estava colocando os pés na escola pela segunda vez em ... três anos.
Impressionante. Em três anos, a responsável estava comparecendo à escola pela segunda vez. Entrando no elevador, ela explicou que a primeira foi quando seu filho foi aprovado no concurso que lhe garantiu a vaga na unidade. A segunda, nesta semana, exatamente um mês antes da formatura do filho no Ensino Médio. Ela disse isso tudo sorrindo, achando graça. Deu vontade de perguntar qual era a graça, mas preferir ficar calado.
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Bem, talvez ela estivesse feliz e envaidecida, querendo dizer que o filho dela nunca deu ‘trabalho’, sempre se comportou bem e, ainda por cima, foi um estudante nota 10. Que bom. Parabéns. Mas não é por aí. A presença da família não deve ocorrer somente quando as coisas não estão bem. Estar presente e acompanhar a vida escolar dos estudantes são atitudes importantes. Não estou dizendo que os pais devem ir todos os dias à escola, prática mais comum de se ver na Educação Infantil e em parte do Ensino Fundamental. Mas devem estar presentes de forma contínua tanto nos bons quanto, e principalmente, nos maus momentos.
Sem a parceria dos pais, como é que a escola vai conhecer mais a fundo o contexto em que vivem os estudantes? Essa conversa é fundamental. E digo mais: ela pode e deve ser feita de forma proativa pelos responsáveis. Por que esperar a convocação da escola para se reunir? Se há algo importante a ser dito, conversado, mediado, é bom se adiantar. A relação entre família e escola precisa ser produtiva e solidária. Infelizmente, o que se vê, na prática, são pais bastante ausentes, que, muitas vezes, não gostam e não querem ser perturbados. Acreditam que cabe unicamente à escola instruir e educar seus filhos da melhor forma possível. Estão enganados.
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Marcus Tavares é professor e jornalista