Por felipe.martins

Rio - O país está derretendo na economia e marcha para grave crise social. A confusão política, que vem se arrastando e provocando a intranquilidade no país, tem de ser resolvida para que o já sofrido povo não seja penalizado de forma cruel.

Quem é informado sabe que os afortunados não sofrem com crises. Estes, se necessário for, compram a carne no mercado negro ou vão morar em Miami. Nos últimos cinco anos, 80 mil imóveis na Flórida foram adquiridos por latino-americanos, a maioria por venezuelanos. Portanto, quem sofre com a falta de alimentos é o trabalhador que tenta sobreviver em Caracas, já considerada a capital mais violenta do continente.

A sociedade civil parece dividida e desorganizada. É preciso uma agenda comum, com aval do governo, para dar fôlego ao país, desacreditado interna e externamente. Um programa definido é tão importante que a Argentina, em menos de cem dias, já é vista com outros olhos. O presidente Macri é um exemplo do valor das palavras e intenções.

Ninguém entende que as forças mais responsáveis da sociedade — empresários, intelectuais, magistrados, políticos, entidades de classe — não cheguem a programa comum. E isso é resultado da falta de espírito público, do egoísmo, da insensibilidade e da irresponsabilidade. A essa altura, ser contra ou a favor do governo é irrelevante. O que está em jogo é o país como um todo. E não seríamos os primeiros a um retrocesso irreversível. Há precedentes. Cabe ao governo mudar sua relação com os agentes econômicos.

O mundo todo vive momento delicado. Mas nós (e mais alguns países, como Venezuela, Angola e Grécia) reunimos todas as crises, enquanto outros enfrentam problemas por um ou outro motivo. Nós não podemos resolver a questão econômica sem encontrar uma saída política; precisamos da paz social. Não podemos brigar com os mercados internacionais, hoje presentes na vida das nações pela globalização.

No mais, o desentendimento reinante quanto às políticas públicas tem provocado consequências danosas à paz da família brasileira. Exemplo maior é sermos, atualmente, país maculado pela presença da violência urbana e rural, ameaças à perturbação da ordem. O futuro do Brasil como nação desenvolvida e civilizada exige uma trégua nesta luta que afronta a população sofredora.

Aristóteles Drummond é jornalista

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