Por pierre

Oito anos após a aprovação da Lei Seca, cujo aniversário foi comemorado recentemente, os números mostram que estamos no caminho certo para retirar do Brasil uma triste liderança: a de país com maior número de mortes de trânsito por habitante da América do Sul. Criada em 2008, para tentar frear o elevado número de acidentes envolvendo motoristas alcoolizados, a Lei 11.705, de minha autoria, mudou o Código de Trânsito Brasileiro ao reduzir a zero a tolerância na ingestão de álcool ao volante e configurar o crime apenas com o exame de sangue ou etilômetro.

No Rio de Janeiro, onde as operações da Lei Seca têm servido de inspiração para outros 20 estados brasileiros e até para países da Europa e da América Latina, resultados revelam que caiu pela metade a quantidade de mortes causadas por motoristas embriagados. Uma vitória importantíssima se considerarmos que uma das metas audaciosas da ‘Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito’, iniciada em 2011, é justamente reduzir em 50% a quantidade de mortes até 2020.

Além das milhares de vidas perdidas no trânsito, precisamos levar em consideração o custo dos acidentes para o país. Em 2015, eles causaram prejuízo de R$ 40 bilhões. Os mais atingidos são países mais pobres que concentram 90% das mortes no trânsito, embora tenham só 54% dos veículos no mundo.

Em 2009, primeiro ano da Operação Lei Seca, o percentual de embriagados em relação ao total de motoristas abordados em uma blitz era de 7,9%, quase o dobro (4,4%) do registrado este ano até junho. Um presente para toda a população fluminense, que vem incorporando novos hábitos e se conscientizando dos perigos da combinação explosiva de álcool e direção. Apesar dos avanços, ainda há muito trabalho.

O desafio é consolidar a implementação do exame toxicológico para condutores em todo o país. O equipamento, que está em fase de análises, identifica, pela saliva, os motoristas que estão dirigindo sob efeito de drogas ilícitas. É preciso também estabelecer normas de segurança mais efetivas para grupos mais vulneráveis, como motociclistas, pedestres e ciclistas. O intuito é um só: reduzir os acidentes e ter um trânsito mais seguro para todos nós. Vida longa à Lei Seca e aos brasileiros.

Hugo Leal é deputado federal pelo PSB e autor da Lei Seca

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