Por pierre

Em 2012 foi divulgado pela Prefeitura do Rio o Plano Estratégico para o período de 2013 a 2016. Ali foi fixada a meta de garantir a climatização da totalidade dos coletivos na cidade, além de instalar recursos de acessibilidade e utilizar combustível verde. Em janeiro agora, porém, a meta foi baixada pela prefeitura em decreto que, ironicamente, aumentava a tarifa.

A polêmica se arrasta há muitos verões, enquanto os cariocas sofrem enfrentando em média quatro horas por dia nos coletivos para ir e retornar do trabalho. Em verdade, a prefeitura, que deveria proteger os cidadãos e trabalhar por seus interesses, parece se preocupar com os lucros, já exorbitantes, dos empresários dos transportes. Portanto, é evidente a urgência de realizar auditorias nessas concessões e analisar os motivos de termos um transporte tão caro e ao mesmo tempo tão ineficiente.

Vale ressaltar que boa parte do problema poderia ser resolvida se fosse cumprida cláusula do termo de ajustamento de conduta firmado pela prefeitura com o Ministério Público em 2013. Nele foi estabelecido que, até o fim deste ano, todos os ônibus do Rio deveriam ter ar-condicionado, reafirmando o compromisso do Plano Estratégico. Mas a realidade é que apenas 39,4% dos ônibus de linhas regulares estão devidamente refrigerados.

Infelizmente, os problemas em relação aos ônibus não param por aí. Em tempos de Paralimpíada, é importante lembrar que só metade da frota possui elevadores para cadeirantes e, mesmo quando há, o funcionamento é comprometido, uma vez que a maioria dos motoristas não é preparada para o seu manuseio.

Podemos apontar ainda as más condições de muitos desses veículos, causando diversos acidentes. É fundamental, ainda, ressaltar a realidade de motoristas que enfrentam jornadas exaustivas de trabalho, além de cumprir dupla função, colocando em risco a sua saúde e a integridade dos passageiros.
Enfim, no Rio, cujo clima ao longo do ano é predominantemente quente, chegando a quase 50° no verão, encarar horas de viagem sem refresco é desumano. Não fosse o descaso do Poder Público, que deveria fiscalizar as viações e garantir o cumprimento de metas, teríamos um transporte mais eficiente, seguro e agradável para a população.

João Tancredo é advogado

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