Por thiago.antunes
Rio - Os diretores da Cooperativa Rio da Prata protocolaram, nesta terça-feira, pedidos de audiências com o Secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame; com o prefeito Eduardo Paes e com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado estadual Marcelo Freixo.Os cooperados esperam por mais segurança na região para poderem exercer o trabalho normalmente.
No último sábado, o motorista Rodrigo César foi assassinado com quatro tiros à queima roupa, supostamente por não ceder a extorsão de grupo de milicianos.
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Nesta quarta-feira o presidente da Cooperativa Rio da Prata, César Gouveia, irá a Delegacia de Homicídios (DH) da Barra da Tijuca para contribuir com as investigações da polícia.
Morte em ponto final
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O corpo do operador da linha de vans Cosmos-Cascadura, da cooperativa Rio da Prata, Rodrigo César da Conceição foi sepultado na manhã desta segunda-feira no cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, na Zona Oeste.
Na porta da cooperativa%2C cartaz acusava a Liga da Justiça pelo crimeErnesto Carriço / Agência O Dia

Cerca de 100 pessoas, com camisas e cartazes pedindo o fim da violência, compareceram ao enterro. Rodrigo foi executado a tiros sábado à noite, no ponto final da linha, em Cosmos. O crime — supostamente praticado por milicianos, segundo testemunhas e integrantes da própria cooperativa — traz de volta à cena a sangrenta ação de paramilitares para controlar os serviços na Zona Oeste.

"Pedi na última quinta-feira que ele saísse de lá pois desconfiava que algo pudesse acontecer aos motoristas", disse o presidente da cooperativa Rio da Prata, César Moraes Gouveia.

Um motorista, que preferiu não se identificar, resumiu o sentimento dos trabalhadores. "O clima é de muito medo. Pagamos um pedágio porque eles dizem que Campo Grande é deles", afirmou.
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Rodrigo deixa quatro filhos e uma esposa.
Testemunhas do crime de sábado contaram que Rodrigo estava no ponto final da linha, próximo a uma lanchonete. Sem a preocupação de serem reconhecidos, os criminosos abriram fogo contra a vítima, levando pânico a quem estava por perto.
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Bandido pediu sanduíche antes do crime

Segundo testemunhas, criminosos deram tiros para o alto antes de entrar na lanchonete onde a vítima estava. Um deles ainda pediu ao dono do estabelecimento um sanduíche ‘X-tudão’. Os bandidos também teriam levado a féria do dia e lista com nomes de motoristas, que estavam no bolso da vítima.

Denúcia diz que cooperativado não queria pagar extorsão exigida por miliciadosarquivo pessoal

O presidente da Rio da Prata, César Gouveia, disse ter alertado Rodrigo. “Ele sofreu pressão até do Toni. Sabíamos que algo iria acontecer porque ele não estava cedendo”.

Apesar de a polícia não confirmar que o crime está relacionado com paramilitares, a associação enviou nota onde relata que, desde o ano passado, os cooperativados sofrem ameaças dos integrantes da milícia ‘Liga da Justiça’ — liderada pelo ex-PM Toni Ângelo.

Os diretores da cooperativa disseram que os motoristas estão com medo e que muitos não foram trabalhar neste domingo. 
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Agentes da Divisão de Homicídios — responsáveis pela investigação — estiveram no local, fizeram perícias e ouviram testemunhas.
A cooperativa Rio da Prata tem 2.000 associados e atua em diversos trajetos entre os bairros de Campo Grande, Sepetiba e Santa Cruz. Segundo os diretores, integrantes da milícia cobrariam valores que vão de R$ 400 semanais a até mesmo a diária inteira dos motoristas, que são ameaçados e agredidos se não pagarem.