Rio - Começou por volta das 14h30 desta segunda-feira a audiência de instrução e julgamento do pastor Marcos Pereira, líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso desde maio, suspeito de estuprar fiéis. A audiência é realizada na 2ª Vara Criminal de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
No processo, o pastor é acusado de estuprar um a seguidora da igreja, em 2006. Seis testemunhas de acusação e oito de defesa devem ser ouvidas nesta segunda.

Preso desde o dia 7 de maio sob acusação de dois estupros e coação, o pastor foi flagrado em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça em diálogos com duas mulheres membros da igreja — uma delas seria casada —, diz a Polícia Civil.
Num dos diálogos, ele se refere a uma garota, que segundo as investigações é filha de traficante e tem 16 anos, como ‘sem vergonha’. Numa conversa, ele pede à mulher que leve a menor para Copacabana e explica até o caminho a ela. Em outra conversa, o religioso têm um diálogo picante com a mulher.

No bate-papo, ele diz que não foi para o bairro da Zona Sul mais cedo porque estava passando mal. A mulher diz, então, que está fazendo um pagamento. “Faz, então, o pagamento e depois tu pega a F., aquela sem vergonha, e leva ela”, teria dito Marcos na gravação, segundo a investigação.
A mulher diz que talvez não saiba chegar a Copacabana. O religioso, então, afirma que a adolescente sabe chegar ao bairro. Marcos tem um apartamento na Avenida Atlântica avaliado em R$ 8 milhões.
Segundo as investigações, no imóvel ele promovia orgias e também violentaria vítimas. O pastor Marcos é réu em dois processos na 1ª e 2ª varas criminais de São João de Meriti. Ele também é investigado por homicídio.
Famoso por intermediar rebeliões
O pastor Marcos Pereira ficou famoso por intermediar rebeliões em presídios e por converter traficantes para a igreja. Também teve destaque no noticiário ao negociar a libertação de supostas vítimas que seriam assassinadas em tribunais do tráfico.
Em 2004, numa das maiores rebeliões em presídios da cidade, na Casa de Custódia de Benfica — que culminou com a morte de 31 pessoas —, ele foi chamado no terceiro dia pelo então secretário de segurança Antony Garotinho para negociar rendição dos detentos.
Testemunha ouvida pela Dcod afirma que o Comando Vermelho era mancumunado com o pastor para só liberar detentos na presença dele.